Avaliação do impacto da adição de biodiesel e misturas (B10 e B20) ao óleo diesel marítimo durante estocagem simulada

Abstract

No Brasil, o biodiesel é adicionado obrigatoriamente ao diesel rodoviário (12-15%), enquanto para o diesel marítimo ainda não há nenhuma determinação de mistura com biodiesel. A alta umidade inerente dos ambientes aquáticos e o tempo de residência nos tanques das embarcações podem impactar na qualidade final da mistura diesel-biodiesel durante o armazenamento. Neste sentido, o objetivo do trabalho foi avaliar o impacto da adição de biodiesel ao diesel marítimo quanto a degradação biótica (crescimento fúngico e produção de metabólitos) e abiótica (degradação de hidrocarbonetos e ésteres) de diesel naval (B0); e misturas (B10 e B20) por micro-organismos durante estocagem simulada. A prospecção e identificação de micro-organismos de um lodo de tanque de diesel de uma embarcação foi realizada por métodos tradicionais e moleculares. A produção de lodo biológico em diesel marítimo puro e misturas (B10 e B20) com fases aquosas oriundas de uma condição real (água livre de embarcações) e ideal (meio mínimo mineral) foi avaliada quanto à composição das comunidades microbianas (sequenciamento de alto rendimento), degradação dos hidrocarbonetos e dos ésteres totais e a natureza dos metabólitos que migraram para a fase aquosa foi avaliada por SPME. Foram identificados sete fungos avaliados quanto a sua capacidade de degradação com o indicador redox (DCPIP). Foi observada maior biomassa nas condições em que o biodiesel foi adicionado (10 e 20%) e a análise molecular da população microbiana revelou uma predominância do gênero Pseudallescheria nas amostras independente do teor de biodiesel. Não foram observadas reduções significativas de pH na fase aquosa, no entanto álcoois, ésteres, ácidos, alcanos e fenóis, foram detectados (SPME) nas condições com inóculo e controle. degradação da fração biodiesel foi avaliada por HRGC-FID e HRGC-MS, onde observou-se que o éster metílico do ácido 9,12-octadecenóico (ácido linoleico) e 11- ácido octadecanóico foram os mais suscetíveis à degradação pelos micro-organismos. A mistura biodiesel em diesel marítimo exigirá cuidados durante a estocagem, apontando preferencialmente para o uso de biodiesel produzido a partir de fontes de ácidos graxos saturados, tais como algumas palmáceas e sebo bovino.

In Brazil, biodiesel is mandatorily added to road diesel (12-15%), while for marine diesel there is still no determination of mixing with biodiesel. An inherent high concentration of aquatic environments and the residence time in vessel tanks can affect the final quality of the diesel- biodiesel mixture during storage. In this sense, the objective of the work was to evaluate the impact of the addition of biodiesel to marine diesel regarding biotic degradation (fungal growth and production of metabolites) and abiotic (hydrocarbon and esters degradation) of marine diesel (B0); and mixtures (B10 and B20) by microorganisms during the simulated simulation. A survey and identification of microorganisms in a group of diesel tanks on a vessel was carried out by traditional and molecular methods. The production of biological sludge in pure and mixed marine diesel (B10 and B20) with aqueous phases from a real (vessel-free water) and ideal (minimum mineral medium) condition was evaluated for the composition of microbial communities (high-throughput sequencing), the degradation of hydrocarbons and total esters and the nature of the metabolites migrated to the aqueous phase were evaluated by the SPME. Seven fungi were selected that can reduce their degradation capacity with the redox indicator (DCPIP). Higher biomass was observed under the conditions in which biodiesel was added (10 and 20%) and a molecular analysis of the microbial population revealed a predominance of the genus Pseudalgia in cases independent of the biodiesel content. No permitted reductions were observed for pH in the aqueous phase, alcohols, esters, tubes, alkanes and phenols, were detected (SPME) in the controlled and controlled conditions. The degradation of degradation biodiesel was evaluated by HRGC-FID and HRGC-MS, where the use of 9,12- octadecenoic acid methyl acid (linoleic acid) and 11-octadecanoic acid is most susceptible to degradation by microorganics . A mixture of biodiesel in marine diesel that requires care during storage, preferentially changing the use of biodiesel produced from sources of saturated fat, such as some palm trees and beef tallow.