Efeito da estimulação precoce sobre as funções executivas de crianças em idade escolar nascidas prematuras de muito baixo peso
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Data
2025Autor
Orientador
Nível acadêmico
Mestrado
Tipo
Assunto
Resumo
Introdução: Crianças nascidas muito prematuras ou com muito baixo peso apresentam maior risco de comprometimentos no neurodesenvolvimento. Programas de estimulação precoce realizados por cuidadores no ambiente domiciliar têm demonstrado potencial para melhorar os resultados do neurodesenvolvimento dessas crianças, especialmente em contextos de baixa e média renda. Entretanto, os efeitos específicos dessas intervenções sobre o desenvolvimento das funções executivas em idade escolar ainda não for ...
Introdução: Crianças nascidas muito prematuras ou com muito baixo peso apresentam maior risco de comprometimentos no neurodesenvolvimento. Programas de estimulação precoce realizados por cuidadores no ambiente domiciliar têm demonstrado potencial para melhorar os resultados do neurodesenvolvimento dessas crianças, especialmente em contextos de baixa e média renda. Entretanto, os efeitos específicos dessas intervenções sobre o desenvolvimento das funções executivas em idade escolar ainda não foram completamente esclarecidos. Objetivo: O presente estudo teve como objetivo avaliar o efeito da estimulação precoce sobre as funções executivas de crianças em idade escolar nascidas prematuras de muito baixo peso. Método: Esse estudo é o seguimento de um delineamento prospectivo no qual os bebês muito prematuros foram randomizados para o Grupo Intervenção (GI) ou para o Grupo Controle (GC) e avaliados com as Escalas Bayley de Desenvolvimento Infantil – Terceira Edição aos 18 meses de idade corrigida (RCT, NCT02835612). Para esse estudo, a mesma amostra foi recrutada na idade escolar. Os domínios de atenção e funções executivas foram avaliados com a Avaliação Neuropsicológica do Desenvolvimento – Segunda Edição (NEPSY-II). Pacientes em que foi realizado o diagnóstico neuropsicológico de transtornos do neurodesenvolvimento foram excluídos da análise final. Para descrever as associações, foram utilizadas medidas de tendência central e dispersão (mediana e intervalo interquartil) ou razão de chances (odds ratio) com respectivos intervalos de confiança de 95%, conforme a natureza da variável analisada. O tamanho do efeito foi medido pelo r² do teste U de Mann-Whitney. Valores de p ≤ 0,05 em testes bicaudais foram considerados estatisticamente significativos. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição. Resultados: A adesão ao seguimento foi elevada, do total de crianças elegíveis no estudo original, 80 (96%) foram reavaliadas em idade escolar, com média de 7 anos. As características familiares, maternas, neonatais e clínicas foram semelhantes entre os grupos. Em comparação ao GC, as crianças do GI apresentaram desempenho no nível esperado com tamanho do efeito de médio a grande nos seguintes domínios: atenção auditiva seletiva e vigilância (mediana=12; IQ=10–13; p=<.001; r=0.44), organização e planejamento (mediana=12; IQ=9–13; p=<.001; r=0.70), controle inibitório e flexibilidade cognitiva (mediana=13; IQ=12–13; p=<.001; r=74) e persistência motora e inibição (mediana=14; IQ=12–14; p=<.001; r=77). Conclusão: A estimulação precoce, iniciada na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e continuada com suporte dos cuidadores em ambiente domiciliar, apresentou melhor desempenho nas funções executivas de crianças em idade escolar nascidas prematuras. Essa estimulação destaca benefícios sustentados no neurodesenvolvimento e potenciais efeitos positivos em outras áreas, como desempenho escolar e saúde socioemocional, sugerindo a necessidade de explorar sua efetividade em outros contextos socioeconômicos. ...
Abstract
Background: Children born very preterm or very low birth weight are at high risk of neurodevelopmental impairments. Parent-guided early stimulation programs in the home environment have shown potential to improve neurodevelopmental outcomes in these children, particularly in low- and middle-income settings. However, the specific effects of such interventions on the development of executive functions in school-age children remain unclear. Objective: This study aimed to evaluate the effect of ear ...
Background: Children born very preterm or very low birth weight are at high risk of neurodevelopmental impairments. Parent-guided early stimulation programs in the home environment have shown potential to improve neurodevelopmental outcomes in these children, particularly in low- and middle-income settings. However, the specific effects of such interventions on the development of executive functions in school-age children remain unclear. Objective: This study aimed to evaluate the effect of early stimulation on executive functions in school-aged children born very preterm with very low birth weight. Method: This study is a follow-up of a prospective randomized controlled trial (RCT, NCT02835612) in which very preterm infants were randomized to an Intervention Group (IG) or a Control Group (CG) and assessed at 18 months of corrected age using the Bayley Scales of Infant and Toddler Development – Third Edition. For this follow-up, the same cohort was recruited at school age. Children who received neuropsychological diagnosis of neurodevelopmental disorders were excluded from the final analysis. Statistical analyses included median differences and odds ratio with 95% confidence intervals. Effect sizes were obtained in terms of r² of Mann-Whitney U Test. Two-tailed p-values ≤ 0.05 were considered significance. The study was approved by the institutional Research Ethics Committee. Results: Follow-up adherence was high: of the children eligible from the original study, 80 (96%) were reassessed at school age, with a mean age of 7 years. Family, maternal, neonatal, and clinical characteristics were similar between the groups. Compared to CG group, children in the IG showed performance at the expected level with a medium to high effect size in the following executive domains: selective auditory attention and vigilance (median=12; IQR=10-13; p=<.001; r=0.44), organization and planning (median=12; IQR=9-13; p=<.001; r=0.70), inhibitory control and cognitive flexibility (median=13; IQR=12-13; p=<.001; r=74) and motor persistence and inhibition (median=14; IQR=12-14; p=<.001; r=0.77). Conclusion: Early stimulation, initiated in the Neonatal Intensive Care Unit and continued at home with caregiver support, was associated with improved executive function performance in school-aged children born preterm from low middle-income families. These findings suggest sustained benefits for neurodevelopment and potential positive impacts in other domains, such as academic achievement and socio-emotional health, reinforcing the need to evaluate the effectiveness of such interventions in diverse socioeconomic contexts. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Medicina. Programa de Pós-Graduação em Saúde da Criança e do Adolescente.
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