Respostas funcionais e taxonômicas de gafanhotos (Orthoptera, Caelifera) ao fogo nos campos sulinos

Abstract

O fogo é um distúrbio natural em ecossistemas campestres proporcionando renovação dos processos sucessionais, possibilitando a variabilidade nas características da vegetação. Mudanças nesta última influenciam diretamente os gafanhotos que apresentam relação direta com a vegetação. Desta forma procuramos saber quão resilientes são os gafanhotos ao efeito do distúrbio por fogo em um campo no sul do Brasil através de um experimento pareado de parcelas controle e queima. A resiliência das assembleias de gafanhotos foi avaliada através das suas características taxonômicas e funcionais. Em um mês após o fogo, as áreas queimadas já se encontravam recolonizadas pelos gafanhotos, os quais não diferiram em termos de sua abundância e riqueza de espécies das parcelas controle em nenhuma amostragem. A diversidade de Simpson diminuiu em um mês após o fogo nas parcelas queimadas provavelmente em decorrência da dominância das espécies Dichroplus misionensis (Carbonell) e Orphulella punctata (De Geer) nestas áreas. Neste mesmo período, os gafanhotos das parcelas queimadas apresentaram em média corpo menor e cabeça maior em relação ao corpo; características típicas de ninfas indicando uma preferência destas por uma vegetação nova presente nestas áreas. O menor esforço de deslocamento nas parcelas queimadas parece ter favorecido indivíduos com fêmur menor em relação ao corpo. Um ano após o fogo, a diversidade funcional se mostrou menor nas assembleias de gafanhotos das parcelas queimadas, sendo estas mais semelhantes em termo de seus atributos funcionais às das áreas controle. Nossos resultados indicam que os gafanhotos parecem ser resilientes ao distúrbio por fogo nos campos sulinos.