Identidades docentes e estágio curricular : afetações de um acontecimento

Abstract

Este trabalho de conclusão de curso investigou afetações do estágio curricular obrigatório e seus ecos na formação das identidades docentes de seis licenciandas do Curso de Pedagogia (FACED/UFRGS). Ao concluir o estágio, percebi que o mesmo se constitui em um divisor de águas na escolha de caminhos e direcionamentos que o docente em formação dá à sua carreira profissional. Este fato interpelou-me no sentido de buscar conhecer como esses elementos estão sendo significados pelas docentes em formação. Para abordar a temática me apoio em Maurice Tardif e Danielle Raymond, explorando a concepção epistemológica da formação e da prática docente. Em António Nóvoa encontro fundamentos que falam sobre uma formação docente construída dentro e a partir da prática. Selma Garrido Pimenta e Maria Socorro Lima ajudam a conceituar “estágio” e levantar elementos que auxiliam na compreensão das afetações desta etapa na formação das identidades docentes. Busco subsídios, também, na Análise de Discurso francesa fundada por Michel Pêcheux e em Eni Orlandi que sustentam que o funcionamento da linguagem se dá na tensão entre paráfrase (o mesmo, “o já dito”) e polissemia (o diferente, “o a se dizer”). A partir de um estudo de caso, realizo uma investigação qualitativa desde a perspectiva de Menga Lüdke e Marli André como, também, de Maria Cecília de Souza Minayo. O corpus analítico é composto por depoimentos de seis licenciandas produzidos em entrevista em grupo focal. A análise busca visibilizar o movimento de constituição da identidade docente das educadoras em formação que contribuíram com este estudo. Nas análises, aponto efeitos de sentido de docência como trabalho colaborativo, “humana docência” e experiência de autonomia e estágio como tempo de mudanças, situando-os como afetações que contribuíram na constituição das identidades docentes das licenciandas, permitindo compreender o estágio como um acontecimento.