Visitas ao dentista auto-reportadas e condição periodontal : um estudo de Porto Alegre

Abstract

Existem poucas evidências na literatura do possível impacto das visitas ao dentista na saúde periodontal. O objetivo do presente estudo foi avaliar o impacto da periodicidade autoreportada de visitas ao dentista nos últimos cinco anos nos parâmetros clínicos periodontais de uma amostra urbana de adultos da região metropolitana de Porto Alegre. Uma amostragem probabilística múltiplo-estágio foi utilizada para selecionar uma amostra de 1586 indivíduos, representativa da região metropolitana de Porto Alegre em 2001. Em 2006, 697 (47,6%) indivíduos foram re-avaliados (296 homens/401 mulheres). Um exame periodontal completo foi realizado incluindo 6 sítios por dente em todos dentes presentes. Entrevistadores e examinadores foram treinados e calibrados. Participantes foram categorizados de acordo com o número de vezes que relataram terem ido ao dentista durante os últimos 5 anos: nunca, 1 vez/ano ou menos, mais de 1 vez/ano. Regressões lineares foram utilizadas para calcular estimativas ajustadas e não-ajustadas. Comparados a indivíduos que reportaram mais de 1 visita ao ano, aqueles que nunca visitaram o dentista durante os 5 anos tiveram significativamente mais placa (69,5% vs 52,5%), sangramento gengival (21,7% vs 15,7%), cálculo (47,4% vs 32,4%) e média de perda de inserção (2,9mm vs 1,7mm). As diferenças permaneceram significativas após ajustes para idade, gênero, escolaridade e nível socioeconômico. Em conclusão, as visitas ao dentista parecem ter um impacto positivo sobre a saúde periodontal dessa população, sendo que esse potencial benefício precisa ser mais bem entendido.

There is little evidence in the literature regarding the impact of dental visits on periodontal health. The aim of this study was to evaluate the impact of self-reported frequency of dental visits in the last five years in clinical periodontal parameters of a sample of urban adults in the metropolitan region of Porto Alegre. A multistage probability sampling was used to draw a sample of 1586 individuals, representative of the metropolitan region of Porto Alegre in 2001. In 2006, 697 (47.6%) subjects were re-evaluated (296 males/401 females). A full-mouth six sites per tooth periodontal examination was conducted. Interviewers and examiners were trained and calibrated. Participants were categorized according to the self-reported number of dental visits during the last 5 years. Linear regression models were used to calculate crude and adjusted estimates. Compared to individuals that reported more than 1 dental visit/year, individuals that did not visit a dentist in the last 5 years had significantly more visible plaque (69.5% vs 52.5%) , gingival bleeding (21.7% vs 15.7%) , supragingival calculus (47.4% vs 32.4%) and mean periodontal attachment loss (2.9mm vs 1.7mm). Statistical significance remained after adjustment for age, gender, education and socioeconomic status. In conclusion, self-reported dental visits may have a positive impact on the periodontal health of this population, and this potential benefit effect still needs to be more understood.