Criatividade em música : concepções da prática e performance criativa a partir da trajetória de flautistas brasileiros da música de concerto

Abstract

Esta dissertação teve como objetivo investigar a concepções da prática e performance criativa a partir da trajetória de flautistas brasileiros da música de concerto. As bases teóricas desta dissertação, apoiadas em Davidson e McPherson, Duffy, Gaunt, Harrop, Rink et al., Smart, Green, e Wise et al., percebem a criatividade como aspecto desenvolvido ao longo da aprendizagem do indivíduo, que operacionaliza questões sociais, individuais, reflexivas e ações realizadas; a criatividade é concebida a partir de contextos de aprendizagens formais e informais, deliberadas e inconscientes; e a criatividade é localizada no contextos aos quais se insere e aos valores que estes contextos lhe atribuem. A estratégia metodológica da investigação ocorreu em duas etapas: o primeiro procedimento metodológico foi o levantamento que contou com um questionário respondido por 54 flautistas brasileiros de nível intermediário à expert – nesta etapa a trajetória de desenvolvimento dos flautistas foi dividida em três fases: Fase Inicial, Fase Intermediária e Fase Avançada, e as questões buscaram compreender os contextos de aprendizagem, as sensações emocionais e os aspectos criativos relacionados à cada uma das fases, estas compreensões se configuraram como um levantamento inicial do campo de forma à orientar as questões à serem aprofundadas no segundo procedimento metodológico. O segundo procedimento metodológico foi a realização de três entrevistas retrospectivas semiestruturadas com Flautistas Expert. Como resultado, as coletas realizadas forneceram pistas à percepção da criatividade, do ponto de vista dos músicos, como um aspecto desenvolvido ao longo da formação, prática e performance musical; e encontrou o modelo que percebe a criatividade sendo abordada a partir de três perspectivas: as da criação, que podem envolver atividades de composição e improvisação; as extramusicais, que relacionam as experiências gerais à prática musical; e as da liberdade da interpretação musical, que são as reflexões que orientam as decisões e posicionamento dos músicos frente à suas práticas e performances musicais – estas três perspectivas da criatividade, para os flautistas, são ferramentas da expressão musical.

This research aims to investigate the conceptions of creative practice and performance on the learning path of brazilian flutists in concert music. The theoretical bases of this dissertation, supported in Davidson e McPherson, Duffy, Gaunt, Harrop, Rink et al., Smart, Green, and Wise et al., perceive creativity as an aspect developed throughout the individual's learning process, which operationalizes social, individual, reflective issues and actions taken; creativity is conceived from formal and informal, deliberate and unconscious learning contexts; and creativity is located in the contexts to which it is inserted and the values that these contexts attribute to it. The methodological strategy of the investigation took place in two stages: the first procedure was a survey that included a questionnaire answered by 54 Brazilian flutists from intermediate to expert level – the flutists' development trajectory was divided into three phases: Initial Phase, Intermediate Phase and Advanced Phase, and the questions sought to understand the learning contexts, emotional sensations and creative aspects related to each of the phases, these understandings were configured as an initial survey of the field in order to guide the questions to be deepened in the second methodological procedure. The second procedure was the realization of three semi-structured retrospective interviews with Expert Flautists. As a result, the collections carried out provided clues to the perception of creativity, from the point of view of the musicians, as an aspect developed throughout their training, practice and musical performance; and found the model that perceives creativity being approached from three perspectives: the perspectives of creation, which can involve activities of composition and improvisation; the extra-musical perspectives, which relate general experiences to musical practice; and the perspectives of freedom in musical interpretation, which are the reflections that guide musicians' decisions and positioning in relation to their musical practices and performances – these three perspectives of creativity, for flutists, are tools of musical expression.