Sob o prefixo trans : etnografia, transgeneridade e educação em coletivos políticos e programas de extensão
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Data
2021Autor
Orientador
Nível acadêmico
Doutorado
Tipo
Assunto
Resumo
Como aprendemos a nos tornar sujeitos políticos? Em quais circunstâncias uma identidade política é aprendida? Essas e outras perguntas são margeadas pela presente tese em Antropologia Social. No decorrer de quase três anos de trabalho de campo junto a coletivos políticos e programas de extensão que contribuem para o ingresso de Pessoas Trans no Ensino Superior, perspectivo a produção de identidades políticas. As iniciativas funcionam para além de um propósito educacional, sua investidura se bas ...
Como aprendemos a nos tornar sujeitos políticos? Em quais circunstâncias uma identidade política é aprendida? Essas e outras perguntas são margeadas pela presente tese em Antropologia Social. No decorrer de quase três anos de trabalho de campo junto a coletivos políticos e programas de extensão que contribuem para o ingresso de Pessoas Trans no Ensino Superior, perspectivo a produção de identidades políticas. As iniciativas funcionam para além de um propósito educacional, sua investidura se baseia no combate à transfobia nos espaços formais de ensino, nos processos de aprendizagem e na garantia de formas de acolhimento para a população Trans que, por algum motivo, não concluiu os níveis fundamentais e médio de educação. No território brasileiro, mais de uma dezena de ações semelhantes podem ser encontradas. Duas delas se tornaram os principais universos empíricos da minha pesquisa, respectivamente, o coletivo pela Educação Popular TransEnem, situado em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, e o Programa de Extensão da Universidade Estadual do Ceará TransPassando, localizado em Fortaleza, Ceará. A etnografia aborda a descrição desses coletivos, seus meandros institucionais e pedagógicos, as histórias que os compõem, bem como problematiza seus objetivos, seu protagonismo e seus interesses. Além disso, organiza um debate acerca da construção de práticas sociais de aprendizagem em que uma identidade política é produzida de modo coletivo, mas também pessoalizado. Por isso, o escopo metodológico da tese se ancora em uma mirada qualitativa, utilizando dados de primeira mão: entrevistas nãodiretivas, diários de campos, relatórios e relatos. Do ponto de vista teórico, a problematização dos resultados se vincula a uma antropologia da aprendizagem e da educação, não deixando de abordar as temáticas de gênero e transgeneridade, já que se trata do principal recorte descritivo dos/das interlocutores/as da etnografia. Como resultado, a tese argumenta em favor de um processo formativo, histórico, desconstrutivo e dinâmico em que as identidades sintetizam uma prática de aprendizagem política forjada em circunstâncias sociais adversas de preconceito e discriminação. A educação, nesse sentido, passa a figurar enquanto um elemento essencial de dignidade e resistência para Pessoas Trans e Travestis. E os coletivos se tornam agentes sintetizadores de uma vontade social difusa desse grupo por seu reconhecimento, mesmo com todos os seus problemas de representatividade. ...
Abstract
How do we learn to become political subjects? Or under what circumstances is a political identity learned? These and other questions are bordered by the present thesis in Social Anthropology. During almost three years of field work with political groups and outreach programs that help the entry of Trans, Transvestites or in the process of gender transition in Higher Education, perspective the production of political identities. The initiatives work beyond an educational purpose, their investitu ...
How do we learn to become political subjects? Or under what circumstances is a political identity learned? These and other questions are bordered by the present thesis in Social Anthropology. During almost three years of field work with political groups and outreach programs that help the entry of Trans, Transvestites or in the process of gender transition in Higher Education, perspective the production of political identities. The initiatives work beyond an educational purpose, their investiture is based on combating transphobia in formal teaching spaces, in learning processes and in guaranteeing forms of reception for the Trans population who, for some reason, did not complete the fundamental levels. and high school education. In Brazilian territory more than a dozen similar actions can be found. Two of them became the main empirical universes of my research, respectively: the collective for the Popular Education TransEnem, located in Porto Alegre in Rio Grande do Sul and the Extension Program of the State University of Ceará TransPassando, located in Fortaleza/Ceará. Ethnography addresses the description of these collectives, their institutional and pedagogical intricacies, the histories that compose them, as well as problematizing their objectives, their protagonism and their interests. Furthermore, it organizes a debate about the construction of social learning practices in which a political identity is produced collectively, but also personalized. Therefore, the methodological scope of the thesis is anchored in a qualitative perspective, using first-hand data: non-directive interviews, field diaries, reports and reports. From a theoretical point of view, the problematization of the results is linked to an anthropology of learning and education, while addressing gender and transgender issues, as this is the main descriptive outline of the interlocutors of ethnography. As a result, the thesis argues in favor of a formative, historical, deconstructive and dynamic process in which identities synthesize a political learning practice forged in adverse social circumstances of prejudice and discrimination. In this sense, education comes to figure as an essential element of dignity and resistance for Trans and Transvestites. And collectives become synthesizing agents of a diffuse social will of this group through their recognition, despite all its problems of representation. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social.
Coleções
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Ciências Humanas (7477)Antropologia Social (472)
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