Efeitos do dimorfismo sexual em um modelo experimental de hemorragia intracerebral em ratos wistar

Abstract

O Acidente Vascular Encefálico (AVE) é uma síndrome neurológica com altas taxas de morbidade e mortalidade. Apresenta grande prevalência em adultos e idosos, sendo uma das principais causas de internação hospitalar. A Hemorragia Intracerebral (HIC) tem uma incidência anual de 10 a 30 casos por 100.000 habitantes, representando 10-15% dos cerca de 15 milhões de AVE em todo o mundo. Esta condição de saúde tem um alto impacto na qualidade de vida da população acometida, bem como uma alta demanda de suporte social e familiar. O modelo experimental em roedores com a injeção intracerebral de colagenase, tem sido amplamente usado no estudo da HIC, ao mimetizar algumas das características neuropatológicas observadas na clínica. A presença ou ausência dos hormônios gonadais é talvez a maior diferença biológica entre machos e fêmeas, os quais apresentam diferentes respostas comportamentais, morfológicas e neuroquímicas, tanto em condições fisiológicas como em diversas patologias. Desse modo, este trabalho de conclusão de curso teve como objetivo avaliar os efeitos do dimorfismo sexual em modelo murino de hemorragia intracerebral, sobre os prejuízos comportamentais, celulares e morfológicos na fase subaguda da lesão. Para isso, foram utilizados 132 ratos Wistar (48 machos e 84 fêmeas), com idade de 90 dias. Após anestesia, os animais foram injetados no estriado esquerdo com 0,2U de colagenase bacteriana para indução da HIC ou 0,5μL de salina estéril no grupo sham. Setenta e duas horas após a lesão, os animais foram avaliados no teste do cilindro, teste da escada horizontal e escore neurológico para avaliar os prejuízos motores decorrentes da HIC. Em seguida, um grupo de animais foram submetidos a eutanásia para à análise por citometria de neurônios (NeuN), astrócitos (GFAP), microglia (CD11b) e apoptose (caspase 3 clivada). Outros animais foram perfundidos com salina e paraformaldeído (PFA) 4% para análises morfológicas do cérebro. Os ratos HIC machos tiveram um maior déficit motor quando comparados ao grupo HIC fêmeas. Também foi observado aumento no número de astrócitos nos machos quando comparados a todos os demais grupos. Houve diferenças entre os sexos na quantificação de microglia/macrófagos, onde os machos tiveram uma maior proporção desse tipo celular independentemente da lesão, e em consequência disso, a morte desse tipo celular por apoptose também é maior. Nosso estudo foi um dos primeiros a comparar as respostas dos sexos após HIC em modelo experimental sob as mesmas condições e parâmetros. Embora mais estudos são necessários para elucidar as diferentes respostas que o sexo produz sobre a HIC, nossos achados apontam para alvos terapêuticos já conhecidos, como astrócitos e microglia, de maneira que futuros tratamentos para a HIC possam ser realizados de forma distinta entre homens e mulheres para atingir melhor os desfechos.

Stroke is a neurological syndrome with high morbidity and mortality rates. It has a high prevalence in adults and the aging population, being one of the main causes of hospitalization. Intracerebral Hemorrhage (ICH) has an annual incidence of 10 to 30 cases per 100,000 habitants, representing 10-15% of the approximately 15 million strokes worldwide. This health condition has a high impact on the quality of life of the affected population, as well as a high demand for social and family support. The rodent experimental model with an intracerebral injection of collagenase has been widely used to study ICH, by mimicking some neuropathological characteristics observed in clinical settings. Presence or absence of gonadal hormones is perhaps the biggest biological difference between males and females, which display different behavioral, morphological and neurochemical responses, both under physiological conditions and several neuropathologies. The, aim of the present study was to evaluate the effects of sexual dimorphism in a murine model of intracerebral hemorrhage, on behavioral, cellular and morphological changes at subacute stage of the lesion. A total of 132 Wistar rats (48 males and 84 females) at 90 days of age was used. After anesthesia, animals were injected with 0.2 U of bacterial collagenase into the left striatum to induce ICH or 0.5 μL sterile saline in the sham group. Seventy-two hours post-injury, animals were evaluated in the cylinder test, ladder walking test and neurological score, in order to determine sensorimotor impairment induced by ICH. A group of animals were euthanized for cellular analyses of neuron (NeuN), astrocytes (GFAP), microglia (CD11b) and cell death by apoptosis (cleaved caspase 3) throught technique. Another group was perfused with saline and 4% PFA for morphological analysis. Male ICH rats had higher motor deficits when compared to the female ICH group. Moreover, an increase astrocytes number was also observed in male rats when compared to other groups. There were a gender differences in microglia/macrophage quantification, in which males had a higher proportion regardless of injury, in consequence the death of this cell type by apoptosis is also higher. Our study was one of the first to compare sex responses after experimental model of ICH, under the same conditions and parameters. Although more studies are needed to elucidate the different responses cause by sex, our findings pointing out known therapeutic targets such as astrocytes and microglia, so, future treatments for ICH can be performed differently between men and women, achieving better outcomes.