Gênero e sexualidade na Revista Pesquisa Fapesp (2015-2020) : limites e possibilidades ao ensino-aprendizagem

Abstract

Gênero e sexualidade são temáticas componentes do currículo escolar de Ciências e Biologia da Educação Básica. No entanto, este conteúdo nem sempre é trabalhado de modo a gerar interesse e curiosidades nas/os estudantes, o que reduz as possibilidades de sanarem suas dúvidas e de relacionarem a sexualidade humana com as implicações socioculturais de gênero, incidindo na permanência de estereótipos e preconceitos. Os levantamentos que indicam números elevados de gravidez precoce, infecção por agentes transmitidos sexualmente e de vítimas de violências psicológica, física e sexual, corroboram a necessidade de se criar articulações pedagógicas com outros suportes que não os Livros Didáticos (LD), a exemplo das revistas de divulgação científica. Esta pesquisa objetivou investigar os textos presentes em uma amostra de seis anos de edições da revista Pesquisa FAPESP, buscando identificar e analisar a presença/ausência de fragmentos textuais com elementos de gênero e sexualidade, pensando em possíveis relações com o ensino nas escolas. Das edições publicadas da revista Pesquisa FAPESP, e adotando um critério temporal, criou-se uma amostra de edições circunscritas ao período de 2015 a 2020. A organização e tabulação dos dados empíricos permitiu que os termos relacionados ao objeto de pesquisa fossem contabilizados. Por critérios semânticos e de sentido, estes termos foram agrupados e reagrupados, resultando nas categorias e subcategorias de análise. A amostra das edições revelou presença significativa de informações e conhecimentos sobre gênero e sexualidade, com ênfase nos contextos de vida de meninas e mulheres. Os tópicos mais frequentes mencionam referências a meninas e mulheres, infecções sexualmente transmissíveis, gestação, violências, carreira e desigualdades. A discussão e análise dos resultados, possibilitou afirmar que a revista Pesquisa FAPESP é um veículo de difusão científica relevante, consistente e atualizado, podendo ser inserida e aproveitada nas programações curriculares da Educação Básica, em especial, às do ensino de Ciências, apesar de alguns assuntos exigirem complementos. Sabendo que os campos da divulgação científica e o do ensino de Ciências podem ser articulados epistemológica e pedagogicamente, quando se trata de formação e profissionalização dos sujeitos envolvidos, incentiva-se que outras pesquisas e estudos sejam realizados, assim contribuindo na elaboração de projetos pedagógicos que vinculem o currículo escolar e os LD com as revistas de divulgação científica. Assim como os conceitos de gênero e sexualidade, outros tantos poderiam ser investigados.