Compreensão de linguagem figurada por crianças com TEA e desenvolvimento típico : um estudo de caso com irmãos gêmeos

Abstract

Apoiado em pressupostos da Linguística Cognitiva e da Psicolinguística, o presente trabalho se trata de um estudo de caso sobre compreensão de linguagem figurada. Foi realizado um experimento constituído de tarefas padronizadas de metáfora primária, metonímia, expressão idiomática e provérbio com dois irmãos gêmeos. Na época da aplicação, as crianças tinham 7 anos e cursavam o primeiro ano do ensino fundamental. A particularidade deste estudo é o fato de um dos irmãos ser diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e o outro ter desenvolvimento típico. Após as crianças responderem às tarefas em duas seções individuais, as respostas foram tabuladas e os dados coletados passaram por duas análises: uma quantitativa e uma qualitativa. Esperava-se uma maior tendência de acertos pelo gêmeo com desenvolvimento típico, e uma menor tendência de acertos nos itens das tarefas de expressão idiomática e provérbio por ambos. A análise quantitativa apontou, de maneira geral, para um índice de 20,83% de acertos pelo irmão com TEA e 37,5% de acertos pelo irmão com desenvolvimento típico. A análise qualitativa mostrou que, mesmo quando ambos erravam a resposta, o gêmeo com desenvolvimento típico apresentou evidências de tentar buscar respostas que fugiam da literalidade, enquanto o gêmeo com TEA dava indícios de não identificar a presença de figuras de linguagem. De modo geral, o desempenho de ambos os irmãos está de acordo com o esperado para crianças nas suas respectivas condições clínicas. Futuramente pretende-se aplicar o teste em um grupo de crianças com TEA para averiguar se há um padrão de desempenho.

Anchored on Psycholinguistics and Cognitive Linguistics assumptions, the present monograph is a case study about figurative language comprehension. An experiment was conducted via the carrying out of standardized primary metaphor, metonymy, idioms and proverbs tasks. Subjects were two twin brothers who, at the time of the experiment, were seven-year-olds at the first year of formal education. What is particular about this study is that one of the brothers was diagnosed within the autism spectrum disorder (ASD) and the other is a typically developing child. Once the kids had answered to the tasks in two individual sessions, their answers were scored and the data was submitted both to a quantitative and to a qualitative analysis. A higher score rate was expected for the typically developing brother, and a lower score rate on the idioms and proverbs tasks was expected for both subjects. Quantitative analysis showed an overall score rate of 20,83% for the subject with ASD and 37,5% for the typically developing subject. Qualitative analysis suggested that, even when both had a wrong answer for an item, the typically developing brother showed evidence of attempting to come up with nonliteral answers, while the brother with ASD apparently did not identify the presence of figurative language. In general, both subjects’ performance is according to what is expected for children within their conditions. Prospectively, the test is to be carried out with a group of children with ASD in order to investigate whether there is a performance pattern.