Percepção de mulheres quanto à segurança no uso de aplicativos de transporte no Brasil

Abstract

Introdução: Com os elevados índices de violência no Brasil, casos de assédio e agressões em aplicativos de transporte, principalmente contra mulheres, também começaram a integrar a rotina midiática. Entretanto, dados e termos disponibilizados pelas empresas prestadoras são inespecíficos, às vezes até mesmo insuficientes, e entram em conflito com o direcionamento de responsabilizações. Objetivo: Realizar uma pesquisa de opinião sobre a percepção de segurança das mulheres quanto ao uso de serviços de transporte intermediados por aplicativos de celulares. Métodos: Pesquisa de opinião, com instrumento de coleta de dados composto por 14 questões (seis de identificação, sete em escala de Likert de cinco pontos e uma questão aberta), disponibilizado na internet (Google Forms), com amostragem do tipo snowball (bola de neve), não probabilística, sem limitações geográficas ou de idade. Resultados: Foram obtidas 192 respostas em oito dias de disponibilização do questionário, sendo 166 (86,5%) residentes do estado do Rio Grande do Sul, com média de 39 anos de idade. As respondentes mostraram-se neutras realizando o percurso sozinhas e em trajetos desconhecidos (médias de 3 e 2,8, respectivamente), não sendo os aplicativos o uso preferencial ou considerado mais seguro a outros meios de transporte (médias de 3,5 e 3,3, respectivamente). Sem total sensação de segurança, as respondentes acabam optando por utilizar os serviços mais pela praticidade, mesmo cientes de casos de violência envolvendo os serviços. A realidade do assédio e o receio de violência parecem fazer parte da vida e das tomadas de decisão das respondentes, mesmo quando há uma preferência por não utilizar esse meio de transporte. Conclusão: Os dados sobre violências contra mulheres em viagens de aplicativos ainda são inespecíficos, sendo possível e necessário mais estudos a respeito do tema.

Introduction: Given the high rates of violence in Brazil, cases of harassment and assaults in transportation apps, especially against women, have also begun to integrate the routine of the media. However, the data and terms made available by the app companies are nonspecific, sometimes even being insufficient, in conflict with the goal of responsibilization. Objectives: An evaluation study to investigate women's perceptions of safety when they use mobile phone app-mediated transportation services. Methods: Opinion survey, with an instrument for data collection consisting 14 questions (six for identification, seven on a five-point Likert scale, and one open-ended question), available on the Internet (Google Forms), with non-probabilistic and snowball sampling, without geographic or age limitations. Results: 192 responses were obtained within eight days of the questionnaire availability, of which 166 (86.5%) were residents of the state of Rio Grande do Sul, with an mean age of 39 years. The women respondents were neutral regarding traveling alone and on unfamiliar routes (averages of 3 and 2.8, respectively), and apps were not preferred or considered any safer than other transport systems (averages of 3.5 and 3.3, respectively). Lacking a complete sense of safety, female report respondents ultimately choose to use the services more for practical purposes, although they are aware of the cases of violence which involve the services. The reality of being harassed and the fears of violence seem to be a part of the survey women's lives and their decision-making, even when there is a preference not to use this mode of transportation. Conclusion: The data on violence against women in app trips is still unspecific, and further studies on the subject are possible and necessary.