Internações na rede pública por doença renal crônica na população negra no Rio Grande do Sul no período de 2017 a 2020

Abstract

Introdução: A doença renal crônica (DRC) é um problema de saúde pública mundial que afeta a população negra em maior taxa do que a população branca. No Brasil, 40,5% dos indivíduos que realizam diálise se autodeclaram como afrodescendentes. Essa prevalência pode estar subestimada, uma vez que dados acerca da etnia estão ausentes em 13,2% dos pacientes em diálise. Objetivo: O objetivo geral deste trabalho foi descrever as hospitalizações na rede pública por doença renal crônica (DRC) na população negra na rede pública do Estado do Rio Grande do Sul (RS) no período de 2017 a 2020. Metodologia: Este trabalho caracteriza-se pela análise de dados secundários obtidos através de bancos de dados públicos. Foram coletadas variáveis de observação (raça/cor, faixa etária, sexo, localidade de residência e localidade de internação) e de desfecho (tempo de permanência em internação, ocorrência de internação em UTI e letalidade hospitalar). Resultados: O número de internações de residentes no RS com diagnóstico de DRC foi de 19.056. Do total de internações, 55,8% foram do sexo masculino e 44,2% do sexo feminino. Das 19.056 internações de residentes do RS com diagnóstico de DRC na rede pública no período avaliado, 13.212 (69,3%) foram de indivíduos identificados como raça/cor branca, enquanto 2.612 (13,7%) foram da população negra. A utilização de UTI também foi maior para a população branca, ocorrendo para 1.654 indivíduos (68,9%), comparado aos 377 indivíduos negros (15,7%) que utilizaram a UTI no mesmo período. Considerações finais: Considerando o período analisado neste trabalho, a população branca apresentou maiores números de internações, utilização de UTI, óbitos e letalidade hospitalar na rede pública do RS, comparada às demais populações.