Escritoras do fim do mundo : escritas feministas em redes sociais em tempos de pandemia
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Data
2022Autor
Orientador
Nível acadêmico
Mestrado
Tipo
Assunto
Resumo
Dado o cenário atual de pandemia em decorrência do vírus Sars-CoV-2, o novo coronavírus, e o governo conservador e de extrema direita eleito em 2018, foi necessário atualizar a forma como nos relacionamos e vivemos em sociedade. Uma das medidas adotadas como prevenção de contágio do coronavírus foi o distanciamento social, levando diversas pessoas a retornarem ao ambiente doméstico. Outros, entretanto, continuaram trabalhando, com um grande risco de exposição ao vírus. Situações como a precariz ...
Dado o cenário atual de pandemia em decorrência do vírus Sars-CoV-2, o novo coronavírus, e o governo conservador e de extrema direita eleito em 2018, foi necessário atualizar a forma como nos relacionamos e vivemos em sociedade. Uma das medidas adotadas como prevenção de contágio do coronavírus foi o distanciamento social, levando diversas pessoas a retornarem ao ambiente doméstico. Outros, entretanto, continuaram trabalhando, com um grande risco de exposição ao vírus. Situações como a precarização do trabalho, desemprego, solidão, dificuldade de acesso a serviços de saúde e aumento da violência de gênero e doméstica foram-se acumulando e foi preciso encontrar formas de acolhimento e redes de apoio. As redes sociais pareceram ser um espaço muito potente para esse encontro, em que diversas mulheres passaram a ocupar esse território para contar suas histórias e de outras e também buscar formas de resistir em tempos tão sombrios. As escritas de mulheres que seguem essa linha são aqui entendidas como escritas feministas, por serem constituídas de forma posicionada e política. Assim, a partir da indagação “como as escritas feministas em redes sociais se atualizam em processos de resistência?” Esse trabalho objetiva cartografar escritas feministas em redes sociais no Brasil considerando o contexto político e pandêmico em que vivemos; bem como analisar como essas escritas resistem em redes sociais de forma a desestabilizar modos de agir, pensar e viver. Como metodologia, optou-se por seguir uma ética cartográfica, a fim de habitar os territórios das redes sociais a partir dos planos dos afetos junto à escrita de um diário íntimo de campo. Além disso, a dissertação se orienta a partir de epistemologias feministas e decoloniais e utilizou como paradigmas os conceitos de interseccionalidade (COLLINS, 2017), diferença (BRAH, 2006) e essencialismo estratégico (SPIVAK, 1996). Assim, procurou-se fazer uma coleta de escritas feministas nas redes sociais por mulheres que foram aqui intituladas como Escritoras do Fim do Mundo. Nessas escritas, temas da atualidade, situações que vinham acontecendo no Brasil e no mundo - como o silenciamento, o genocídio da população indígena e preta, as pressões estéticas - eram abordadas a partir de um viés interseccional. Percebeu-se, nessas escritas, relatos, testemunhos e depoimentos a potência de contar e narrar histórias nesses ambientes, visto que assim possibilitam novas formas de atualizar processos de resistência. Além disso, também se observou a influência da governamentalidade algorítmica no ativismo das redes sociais. É preciso que as mulheres, a partir de uma escrita ético-política feminista, ocupem os espaços necessários e estratégicos para que sejam escutadas e subvertam, assim, os discursos ocidentais de histórias voltadas para um mito falocêntrico (HARAWAY, 2019). Nesse sentido, aponta-se, além da importância de se contar histórias e transmiti-las para outras mulheres, também a relevância da formação de parentescos com espécies companheiras (HARAWAY, 2016b), para romper as fronteiras entre o humano e o não-humano e habitar futuros possíveis em que o planeta possa se reconstituir dos danos causados nos últimos tempos. ...
Abstract
Given the current pandemic scenario due to the Sars-CoV-2 virus, the new coronavirus, and the conservative and extreme-right government elected in 2018, it was necessary to update the way we interact and live in society. One of the measures adopted to prevent the spread of the coronavirus was social distancing, leading several people to return to the home environment. Others, however, continued to work, with a high risk of exposure to the virus. Situations such as the precariousness of work, un ...
Given the current pandemic scenario due to the Sars-CoV-2 virus, the new coronavirus, and the conservative and extreme-right government elected in 2018, it was necessary to update the way we interact and live in society. One of the measures adopted to prevent the spread of the coronavirus was social distancing, leading several people to return to the home environment. Others, however, continued to work, with a high risk of exposure to the virus. Situations such as the precariousness of work, unemployment, loneliness, difficulty in accessing health services and an increase in gender and domestic violence were accumulating and it was necessary to find ways of reception and support networks. Social networks seemed to be a very powerful space for this scenario, in which several women began to occupy this territory to tell their stories and others and also seek ways to resist in such dark times. The writings of women who follow this thinking are understood here as feminist writings, as they are constituted in a positioned and political way. Thus, from the question “how do feminist writings in social networks update themselves in processes of resistance?” This work aims to map feminist writings in social networks in Brazil considering the political and pandemic context in which we live; as well as analyze how these writings resist in social networks in order to destabilize ways of acting, thinking and living. As a methodology, we chose to follow a cartographic ethics, in order to inhabit the territories of social networks from the planes of the affections together with the writing of an intimate field diary. In addition, the dissertation is guided by feminist and decolonial epistemologies and used as paradigms the concepts of intersectionality (COLLINS, 2017), difference (BRAH, 2006), and strategic essentialism (SPIVAK, 1996). Thereby, we sought to collect feminist writings on social networks by women who were here entitled as Writers of the End of the World. In these writings, current issues, situations that were happening in Brazil and the world - such as silence, the genocide of the indigenous and black population, aesthetic pressures - were approached from an intersectional point of view. We realized in these writings, reports, testimonies and depositions the power of telling and narrating stories in these environments, as they enable new ways of updating processes of resistance. In addition, the influence of algorithmic governmentality on social media activism was also observed. It is necessary that women, based on feminist ethical-political writing, occupy the necessary and strategic spaces so that they are heard and, thus, subvert Western discussions of stories focused on a phallocentric myth (HARAWAY, 2019). In this sense, in addition to the importance of telling stories and transmitting them to other women, there is also the relevance of making kin with companion species (HARAWAY, 2016b), to break the boundaries between the human and the non-human and inhabit possible futures in which the planet can recover from the damage caused in recent times. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Psicologia. Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social e Institucional.
Coleções
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Ciências Humanas (7477)
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