Terapia nutricional enteral em pacientes pediátricos submetidos a transplante autólogo

Abstract

Introdução: O transplante de células tronco hematopoiéticas (TCTH) no paciente pediátrico pode ocasionar diversos sintomas do trato gastrointestinal, necessitando de terapia nutricional (TN) individualizada, sendo benéfico o uso da nutrição enteral (NE) precoce nestes pacientes. O estudo teve por objetivo analisar a terapia nutricional enteral (TNE) ofertada (fórmula, densidade e oferta calórica), bem como a nutrição parenteral (NP), alimentação via oral, exames de neutrófilos e plaquetas e dados antropométricos em pacientes pediátricos submetidos a transplante autólogo. Método: Estudo de coorte retrospectivo, com análise de dados de prontuário eletrônico de pacientes pediátricos (0 a 18 anos), submetidos a TCTH autólogo no período de janeiro de 2017 a julho de 2022, que utilizaram TNE durante o transplante. Foram coletados dados quanto à NE, NP, alimentação via oral, exames de neutrófilos e plaquetas e dados antropométricos, em quatro momentos: D0, D+5, D+10 e D+15. Resultados: Amostra de 50 pacientes. A sonda nasoenteral (SNE) foi passada em média no D-4 e a dieta enteral iniciada no D-3. No D0 a maioria dos pacientes utilizaram fórmula enteral polimérica normocalórica, contudo no D+10, onde houve piora da diarreia (p=0,017) e mucosite (p <0,001), a fórmula enteral mais utilizada passou a ser extensamente hidrolisada hipocalórica. No D+15, 35% dos pacientes utilizaram nutrição parenteral (NP). Foi observado piora no estado nutricional dos pacientes na alta hospitalar em relação à internação (p <0,001). Conclusão: pode-se observar a prática da passagem profilática da SNE e do início da NE, assim como já adotado também em outros centros, o que, segundo a literatura, traz benefícios à nutrição ofertada ao paciente pediátrico durante o transplante. Protocolos e diretrizes são necessários para embasar a TNE na prática clínica no TCTH pediátrico.

Introduction: Hematopoietic stem cell transplantation (HSCT) in pediatric patients can cause several symptoms of the gastrointestinal tract, requiring individualized nutritional therapy (NT), and the use of early enteral nutrition (EN) in these patients is beneficial. The study aimed to analyze the enteral nutritional therapy (ENT) offered (formula, density and caloric supply), as well as parenteral nutrition (PN), oral feeding, neutrophil and platelet tests and anthropometric data in pediatric patients undergoing transplantation autologous. Method: Retrospective cohort study, with analysis of data from the electronic medical records of pediatric patients (0 to 18 years old), who underwent autologous HSCT from January 2017 to July 2022, who used ENT during transplantation. Data regarding EN, PN, oral feeding, neutrophil and platelet tests and anthropometric data were collected at four moments: D0, D+5, D+10 and D+15. Results: Sample of 50 patients. The nasogastric tube (NGT) was passed on average on D-4 and the enteral diet started on D-3. On D0 most patients used normocaloric polymeric enteral formula, however on D+10, where there was worsening of diarrhea (p=0.017) and mucositis (p <0.001), the most used enteral formula became extensively hydrolyzed hypocaloric. On D+15, 35% of patients used parenteral nutrition (PN). A worsening of the nutritional status of patients at hospital discharge was observed in relation to admission (p <0.001). Conclusion: the practice of prophylactic passage of NET and the beginning of EN can be observed, as well as already adopted in other centers, which, according to the literature, brings benefits to the nutrition offered to pediatric patients during transplantation. Protocols and guidelines are needed to support ENT in clinical practice in pediatric HSCT.