Fluxograma de declínio cognitivo em idosos : revisão de literatura e desenvolvimento de um protocolo institucional

Abstract

Introdução: As síndromes demenciais são cada vez mais prevalentes no Brasil, mas o subdiagnóstico é um desafio global. A demência tem um impacto imensurável na qualidade de vida do indivíduo, na reestruturação familiar e no custo social para a comunidade. Assim, torna-se necessário o desenvolvimento de estratégias para aumentar a precisão do diagnóstico de síndromes demenciais em todos os níveis do sistema de saúde. Neste trabalho, propõe-se o desenvolvimento de um protocolo assistencial para padronizar e qualificar o atendimento de idosos com queixa cognitiva. Metodologia: Foram realizadas duas etapas neste trabalho: revisão narrativa de literatura e desenvolvimento de protocolo assistencial de investigação de queixa cognitiva. A revisão narrativa buscou, na literatura científica e em site geral de busca, fluxogramas e guidelines de avaliação de queixas cognitivas em idoso. Foram encontradas 14 referências de guidelines utilizados em instituições públicas e privadas. A partir da análise subjetiva dos fluxogramas encontrados, foi proposto um fluxograma de investigação de declínio cognitivo em idosos. Resultados: De um total de 1420 referências encontradas, foram incluídos 14 protocolos de investigação de declínio cognitivo. Destes, a maioria menciona o Mini-Exame do Estado Mental como teste de rastreamento cognitivo, exames laboratoriais de diferentes tipos, e a maioria recomenda a realização de neuroimagem (TC ou RM). Alguns protocolos sugerem a exclusão de quadro depressivo e delirium no processo diagnóstico. Assim, foi desenvolvido um protocolo assistencial com fluxograma de avaliação de declínio cognitivo em idoso especialmente para o contexto de pacientes atendidos no Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Neste fluxograma, foi adicionada a necessidade de exclusão de quadro depressivo, seguido da exclusão de quadro de delirium. Em seguida, sugere-se a caracterização de queixa cognitiva e funcionalidade subjetivamente, seguido de teste de rastreio cognitivo (Mini- Exame do Estado Mental), e avaliação de funcionalidade pelo Pfeffer. Por último, sugere-se a realização de exames laboratoriais e consultoria para neurologia para avaliar necessidade e tipo de exame de neuroimagem. Discussão: O desenvolvimento do fluxograma de avaliação de declínio cognitivo foi feito com base na revisão de literatura e no contexto de aplicação no Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Os detalhes de cada passo são explicados com detalhes pelo trabalho. Além disso, o protocolo de investigação tem impacto assistencial e pedagógico. O impacto assistencial se evidencia na otimização de recursos e padronização de investigação de declínio cognitivo, no contexto de subdiagnóstico alarmante de demência no mundo. O impacto pedagógico ocorre no ensino de profissionais de saúde a investigar declínio cognitivo de maneira padronizada e alertar aos passos para definir queixa cognitiva, declínio e quando encaminhar a profissionais especialistas.