Perfil cirúrgico dos pacientes transexuais, vinculados ao PROTIG, submetidos à cirurgia mamária de afirmação de gênero no Serviço de Mastologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre

Abstract

A condição transexual é um fenômeno complexo no qual o indivíduo se apresenta a partir da descrição de Castel et al. (2001) com um sentimento permanente de não pertencimento ao sexo anatômico, sem que isto implique em uma negação da sua anatomia sexual ou que tenha origens orgânicas (hermafroditismo ou outras anomalias endócrinas). Este fenômeno transexual, classificado como Transtorno de Identidade de Gênero (TIG), é objeto de estudo multidisciplinar, devido às diversas consequências psicossociais e físicas que esta condição impõe. Muitas vezes, para que haja o reconhecimento de ajustamento da realidade sexual com a imagem, o paciente transexual se vale de intervenções médicas e jurídicas, hoje já melhor definidas mundialmente. No entanto, no Brasil, a realização e legalização de cirurgias transexualização levou anos, até que em 2013 se criou, com base na Resolução nº 1.652, de 2002, do Conselho Federal de Medicina (CFM), a Portaria nº 2.803, a qual redefiniu e ampliou o Processo Transexualizador no Sistema Único de Saúde (SUS). Tal portaria orienta, hoje, a conduta do Programa de Transtorno de Identidade de Gênero (PROTIG) do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), que atua desde o suporte psicológico até intervenções cirúrgicas para adequação corporal para a população transgênero da região sul do País. Diante disso, este trabalho tem como objetivo, a partir de um estudo transversal, retrospectivo, baseado em dados coletados de registros de prontuários médicos, definir o perfil cirúrgico e realizar uma análise temporal do processo transexualizador do paciente transgênero feminino e masculino operado no Serviço de Mastologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre pelo programa PROTIG, no período de Janeiro de 2018 até Dezembro de 2022.