Ecos de um lugar-território : índices de ancestralidade nas paisagens sonoras do Quilombo Flores entre 2018 e 2022

Abstract

O presente estudo apresenta um aprofundamento sobre reflexões teóricas e experiências práticas de campo por meio da coleta, da observação e da leitura de índices de ancestralidade identificáveis nas Paisagens Sonoras da comunidade quilombola da Família Flores, município de Porto Alegre/RS, entre os anos de 2018 e 2022. Desdobrando o conceito geográfico de Paisagem, aliado às noções de Ancestralidade e Corpo, temos elaborado proposições epistemológicas, metodológicas e conceituais através de uma perspectiva afrodiaspórica de Paisagem Sonora, direcionada à leitura, interpretação e representações de um lugar-território quilombola; Buscamos observar junto à comunidade os elementos culturais perceptíveis no espaço produzido por este quilombo urbano através de experiências e vivências intersubjetivas, de modo a identificar a ancestralidade que caracteriza seu modo de vida, expressões culturais e relação com a terra, por meio das sonoridades projetadas na paisagem. Neste sentido, temos realizado escutas atentas às dimensões material, simbólica e cosmológica presentes nestas paisagens sonoras, que vêm apontando indicadores que remetem à constituição das especificidades espaciais que identificam este lugar-território enquanto comunidade quilombola, e expressam sua trajetória em diáspora, bem como seu vínculo com a ancestralidade negro-africana por meio da memória oral, das vivências, dos saberes e de sua experiência de luta contra-colonial. Para isso, realizamos levantamentos de dados documentais e bibliográficos, além do desenvolvimento de representações de afirmação da história de vida e de luta do Quilombo da Família Flores, formuladas como possibilidades de contribuição para a defesa de seu lugar-território.

This study presents a deepening of theoretical reflections and practical field experiences through the collection, observation and reading of deceased ancestry indices in the Soundscapes of the quilombola community of Família Flores, in the city of Porto Alegre/RS, between the years of 2018 and 2022. Deploying the geographic concept of Landscape, allied to the notions of Ancestry and Body, we elaborate epistemological, methodological and conceptual propositions through an Afro- diasporic perspective of Soundscape, directed to the reading, interpretation and representations of a quilombola place-territory; We seek to observe, together with the community, the perceptible cultural elements not produced by this urban quilombo space through experiences and intersubjective experiences, in order to identify the ancestry that characterizes their way of life, cultural expressions and relationship with the land, through the sounds projected in the landscape. In this sense, we listened attentively to the material, observed and cosmological dimensions present in these soundscapes, which came to point out indicators that refer to the constitution of the spatial specificities that identify this place-territory as a quilombola community, and express its trajectory in diaspora, as well as its bond with black-African ancestry through oral memory, experiences, knowledge and their experience of counter-colonial struggle. For this, we carried out surveys of documentary and bibliographic data, in addition to the development of affirmation representations of the history of life and struggle of the Quilombo da Família Flores, formulated as possibilities of contribution to the defense of its place-territory.