As mudanças climáticas e o oportunismo do sistema financeiro : um estudo do World Resources Institute no Brasil

Abstract

Esta monografia busca entender e explicar por que a impossibilidade de atuação neutra de um Think Thank internacional com atuação no Brasil reforça tendências do setor financeiro internacional que se mostram inadequadas como reação às mudanças climáticas. Será utilizado o estudo de caso de um Think Tank internacional com atuação no Brasil no campo das Políticas Ambientais, o Word Resources Institute, para compreendermos como a organização se relaciona com o sistema financeiro e como ela desempenha o seu trabalho no campo do financiamento climático. Junto a isso, a pesquisa também pretende apontar de que forma grandes potências com um passado de exploração não estão orientando esforços para compensar as centenas de anos de utilização dos recursos naturais da Terra. Enquanto discussões sobre o repasse de recursos dos países ricos e desenvolvidos para países pobres e vulneráveis estão travadas nos fóruns de diálogo da COP, um viés alternativo parece ganhar cada vez mais força: o do direcionamento de empréstimos de financiadores privados para Estados que cumpram determinadas reformas político-econômicas ortodoxas. Nesse cenário, para Gabor (2021), tem ocorrido uma financeirização das políticas públicas através de movimentos de redução na capacidade do Estado investir e de realocação de recursos públicos para o mercado de capitais. Assim, mostra-se como o Estado de-risking prejudica populações vulneráveis e compromete a imparcialidade de Think Tanks que reforçam, direta ou indiretamente, essa lógica.

This monograph seeks to understand and explain why the impossibility of neutral action by an international Think Tank operating in Brazil reinforces trends in the international financial sector that prove inadequate as a response to climate change. The case study of an international Think Tank operating in Brazil in the field of Environmental Policies, the World Resources Institute, will be used to comprehend how the organization interacts with the financial system and how it carries out its work in the field of climate financing. Additionally, the research aims to highlight how powerful nations with a history of exploitation are not guiding efforts to compensate for centuries of natural resource utilization on Earth. While discussions about transferring resources from wealthy and developed countries to poor and vulnerable ones are locked in COP dialogue forums, an alternative bias appears to be gaining strength: directing loans from private financiers to states that implement certain orthodox political-economic reforms. In this scenario, as Gabor (2021) argues, there has been a financialization of public policies through moves to reduce the state's capacity to invest and reallocate public resources to the capital market. Consequently, it becomes evident how state de-risking harms vulnerable populations and compromises the impartiality of Think Tanks that directly or indirectly reinforce this logic.