Envelhecimento da população negra e acesso à saúde

Abstract

O presente estudo evidencia aspectos relativos ao envelhecimento da população, a partir do recorte étnico-racial. Para tanto, buscou-se entender como ocorre o acesso à saúde da população idosa negra, diante da atual conjuntura, onde as condições de vida da população e as determinações sociais, históricas e econômicas interferem nos modos de envelhecer e na garantia do direito à saúde preconizado pelo Sistema Único de Saúde - SUS. O objetivo geral deste estudo consiste em conhecer os determinantes e condicionantes da saúde da população idosa negra que acessa o serviço de Emergência do HCPA, na cidade de Porto Alegre, a fim de contribuir na discussão sobre o envelhecimento e o direito à saúde desta população. Trata-se de um estudo de natureza qualitativa, de nível exploratório. A amostra da pesquisa é composta por 15 entrevistados entre familiares ou pacientes em atendimento no Serviço de Emergência de um hospital do SUS. A coleta dos dados ocorreu entre os meses de agosto e outubro de 2023. Realizaram-se entrevistas semiestruturadas por meio presencial, foi aplicado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O material coletado foi transcrito e analisado por meio da análise de conteúdo proposta por Bardin (2016). Os resultados obtidos foram sistematizados em três categorias que emergiram da análise, conforme segue: (a) Idosos negros que acessam o serviço de emergência: uma caracterização dos participantes da pesquisa; (b) Limites no acesso à Rede Intersetorial e (c) A centralidade do cuidado em saúde nas mulheres. Os dados apontam que o envelhecimento é heterogêneo e multidimensional, e as condições de vida e de saúde influenciam na perspectiva de se chegar à longevidade. As desigualdades raciais produzidas pelo racismo estrutural corroboram com as experiências e vulnerabilidades de quem envelhece. E ainda, pela importância de dar visibilidade às demandas da população negra idosa.