Desempenho de espaços abertos em conjuntos habitacionais com implantação modernista

Abstract

Esta pesquisa trata dos impactos do desenho urbano modernista em implantações de conjuntos habitacionais, a partir da percepção dos usuários dos espaços abertos dos conjuntos habitacionais e dos usuários dos espaços abertos públicos nas proximidades destas implantações. Existem afirmações favoráveis às implantações modernistas, sem que evidências baseadas em atitudes e comportamentos dos usuários sejam apresentadas. Por outro lado, resultados de pesquisas têm evidenciado os impactos destas implantações nos espaços abertos de muitos conjuntos habitacionais, assim como em suas proximidades. Contudo, essas implantações têm sido adotadas sem maiores questionamentos no ensino de arquitetura e urbanismo e na prática profissional, incluindo programas habitacionais federais. Portanto, são necessários mais estudos para reforçar as implicações da adoção de implantações modernistas em tais projetos. Assim, este estudo divide-se em dois objetivos: 1) avaliar a relação entre uso, segurança, aparência e interação social nos espaços abertos de conjuntos habitacionais com implantação modernista, e suas características físico-espaciais; 2) avaliar a relação entre uso, segurança, aparência e interação social nos espaços abertos públicos nas proximidades dos conjuntos habitacionais com implantação modernista, e suas características físico espaciais. Para tal, foram selecionados três conjuntos habitacionais com implantação modernista caracterizados por blocos multifamiliares, localizados na cidade de Passo Fundo - RS, e também foram selecionadas ruas e/ou quadras nas proximidades destes conjuntos. Os dados foram coletados através de múltiplos métodos, pertencentes a área de estudos Ambiente-Comportamento, tais como: observações de comportamento nos espaços abertos dos conjuntos habitacionais e nos espaços abertos públicos nas proximidades destes conjuntos, entrevistas e questionários aplicados aos moradores dos conjuntos e aos moradores das ruas/ou quadras nas proximidades. A análise dos dados quantitativos foi realizada através de testes estatísticos não paramétricos. Os dados de natureza qualitativa foram analisados através de frequência, conteúdo e importância dos pontos mencionados pelos entrevistados. Os resultados evidenciam que as características físico-espaciais geradas pela própria implantação modernista, como menor definição de uso e menor controle visual minimizam a intensidade de uso e a percepção de segurança nos espaços abertos dos conjuntos habitacionais; assim como a menor amplitude visual, a menor visualização do movimento das pessoas e a inexistência de vegetação afetam negativamente a percepção de agradabilidade e o uso; da mesma maneira que a menor acessibilidade, o menor conforto ambiental e inexistência de mobiliário e /ou equipamentos de lazer reduzem o uso e a dificultam a interação social. Os resultados também mostram que os afastamentos frontais das edificações das vias públicas, a menor permeabilidade visual e física afeta negativamente o uso, a percepção de segurança e de agradabilidade, e a interação social, principalmente nos espaços abertos públicos adjacentes aos conjuntos habitacionais. Assim, espera-se que os resultados aprofundem o conhecimento existente sobre os impactos gerados por implantações modernistas. Ainda, que reforcem a importância da consideração de tais impactos no ensino de arquitetura e desenho urbano e na prática profissional, especificamente em projetos de conjuntos habitacionais, políticas habitacionais e, mesmo, em legislações urbanas.

This research deals with the impacts of modernist urban design on housing developments, based on the perception of users of open spaces in housing estates and users of public open spaces in the vicinity of these developments. There are assertions in favor of modernist site plan, without evidence based on users' attitudes and behaviors being presented. On the other hand, research results have highlighted the impacts of these implementations in the open spaces of many housing estates, as well as in their surroundings. However, these implementations have been adopted without further questioning in the teaching of architecture and urbanism and in professional practice, including federal housing programs. Therefore, more studies are needed to reinforce the implications of adopting modernist site plan in such projects. Therefore, this study is divided into two objectives: 1) evaluate the relationship between use, security, appearance and social interaction in the open spaces of housing estates with modernist site plan, and their physical-spatial characteristics; 2) evaluate the relationship between use, security, appearance and social interaction in public open spaces in the vicinity of housing estates with modernist site plan, and their physical-spatial characteristics. To this end, three housing estates with modernist site plan characterized by multi-family blocks were selected, located in the city of Passo Fundo - RS, and streets and/or blocks in the vicinity of these estates were also selected. Data were collected through multiple methods, belonging to the Environment-Behavior study area, such as: observations of behavior in the open spaces of housing estates and in public open spaces in the vicinity of these estates, interviews and questionnaires applied to residents of the estates and to residents of nearby streets/or blocks. Quantitative data analysis was carried out using non parametric statistical tests. Qualitative data were analyzed based on frequency, content and importance of the points mentioned by the interviewees. The results show that the physical-spatial characteristics generated by the modernist site plan itself, such as less definition of use and less visual control, minimize the intensity of use and the perception of security in the open spaces of housing estates; as well as the smaller visual amplitude, less visualization of people's movement and the lack of vegetation negatively affect the perception of pleasantness and use; in the same way that less accessibility, less environmental comfort and the lack of furniture and/or leisure equipment reduce use and make social interaction difficult. The results also show that the frontal distances of buildings from public roads and lower visual and physical permeability negatively affect use, the perception of security and pleasantness, and social interaction, especially in public open spaces adjacent to housing estates. Therefore, the results are expected to deepen existing knowledge about the impacts generated by modernist site plan. Furthermore, they reinforce the importance of considering such impacts in the teaching of architecture and urban design and in professional practice, specifically in projects for housing estates, housing policies and, even, in urban legislation.