Perfil e trajetória das mulheres bolsistas de Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq das áreas de física e enfermagem
dc.contributor.advisor | Barbosa, Marcia Cristina Bernardes | pt_BR |
dc.contributor.author | Bezerra, Ana Regina Gomes | pt_BR |
dc.date.accessioned | 2024-04-30T06:47:07Z | pt_BR |
dc.date.issued | 2024 | pt_BR |
dc.identifier.uri | http://hdl.handle.net/10183/275129 | pt_BR |
dc.description.abstract | As mulheres estão sub-representadas nas posições de mais destaque na maioria das áreas da ciência e em todos os níveis das áreas de ciências exatas, matemática e tecnologias. Em vários ramos das ciências da saúde, biológicas, sociais e humanas, o percentual de mulheres tem avançado, tornando-se, em alguns casos, a maioria de quem faz pesquisa. Diante desse cenário, esta tese tem como objetivo analisar o perfil e a trajetória das bolsistas de produtividade em pesquisa (PQ) do CNPq de duas áreas, uma em que elas são minoria e outra na qual são maioria: física e enfermagem. Assim, nossa proposta é compreender o que difere no meio científico se a maioria de quem atua na pesquisa for de homens ou de mulheres. Para isso, analisamos o histórico da participação das mulheres nas bolsas PQ; a progressão na carreira do grupo minoritário e majoritário, observando o aspecto maternidade e o perfil profissional das áreas; e a percepção das bolsistas sobre suas trajetórias científicas. O referencial teórico traz os conceitos de habitus, campo social e capital de Bourdieu e contempla os estudos de gênero de Simone de Beauvoir, Judith Butler e Andrea O'Reilly, com o feminismo matricêntrico. Utilizamos métodos mistos, com abordagens qualitativas e quantitativas. Os dados foram obtidos a partir da análise das chamadas de bolsa PQ de 2005 a 2021 e de um questionário aplicado, em 2020, às pesquisadoras com bolsa PQ vigente em 2019. Os resultados da primeira etapa do estudo mostram que os percentuais dos pedidos e das concessões da bolsa às mulheres da física são similares e que não houve um crescimento dos mesmos ao longo do tempo. Diferentemente, o número de solicitações dos homens da enfermagem aumentou no decorrer dos anos, mas o percentual de concessão não seguiu a mesma tendência. Curiosamente, o percentual de pedidos de bolsas por parte das mulheres na área da física é menor que o seu percentual como orientadoras em programas de pós-graduação, enquanto o percentual de pedidos de homens na enfermagem é maior que sua presença como orientadores. Na segunda etapa, os dados revelam que os tempos de ingresso e de progressão na carreira são distintos entre as áreas, pois as pesquisadoras da física concluem o doutorado, ingressam no magistério superior e no sistema de bolsa PQ mais jovens e antes de terem filhos. Na enfermagem, esse percurso acontece mais tarde e elas se tornam mães antes de serem bolsistas. A terceira etapa nos apresenta que a percepção das participantes sobre a carreira é diferente. As docentes mães da física enxergam de forma mais acentuada um impacto negativo da maternidade na produtividade e avaliam seu estágio na carreira inferior aos colegas. A percepção de assédio e violência implícita é marcante nessa área. Na enfermagem, a percepção com relação à maternidade e ao estágio na carreira é mais positiva e não detectamos a percepção de assédio nas respostas. Como conclusões, o estudo mostra o domínio da maioria, pois não houve, ao longo dos anos, mudança significativa de concessão da bolsa PQ para o grupo minoritário. O meio científico difere quanto aos tempos de progressão na carreira e também com relação à percepção das pesquisadoras. Na enfermagem, o grupo dominante constrói o perfil da área de acordo com as dinâmicas da vida feminina, conciliando melhor a maternidade. Na física, ao contrário, elas precisam se adequar à trajetória sem interrupções estabelecida pela maioria masculina, para a qual a inclusão de filhos não costuma afetar a carreira acadêmica. Assim, as físicas têm a percepção de que enfrentam mais dificuldades para conciliar as demandas da maternidade e as exigências profissionais, principalmente pela ocorrência de assédios e violência implícita. Por outro lado, na enfermagem, a sensação de pertencimento é notória entre as bolsistas PQ, por estarem em um ambiente majoritariamente feminino. | pt_BR |
dc.description.abstract | Women are underrepresented in the highest positions of most fields in science, as well as at all academic levels of the hard sciences and technology. However, in several fields from the health, biological, social, and human sciences, the number of women has increased, and in some cases, they now make up the majority of researchers. The purpose of this thesis is to analyze the academic profile and trajectories of CNPq research productivity fellows (PQ) in two areas: physics and nursing, where women PQ holders are a minority or a majority, respectively. The aim is to understand what differs in the scientific environment when the majority of those working in research are men or women. For this purpose, we analyzed the history of women participation in PQ fellowships; the career progression of both the minority and majority groups, considering motherhood and the professional profiles in the fields; and women fellows' perceptions of their scientific careers. The framework includes Bourdieu's concepts of habitus, social field and capital, and gender studies by Simone de Beauvoir, Judith Butler and Andreia O'Reilly, with matricentric feminism. The methods used were both qualitative and quantitative. The data was based on an analysis of applications records for PQ fellowships from 2005 to 2021 and a questionnaire conducted in 2020 among female researchers that were PQ fellows in 2019. The findings suggest a similar percentage of applications and fellowship awarded for female physicists, and that there has been no increase over time. By contrast, the number of requests by male nurses has increased over the years, while the percentage of approvals has not followed the same trend. Surprisingly, the number of applications for PQ fellowships from women in physics is lower in comparison to their participation as supervisors in graduate programmes, while the number of applications from men in nursing is higher than their participation as graduate supervisors. Our study also revealed that the entry and career progression stages are different between the fields, with physics researchers completing their doctorates, becoming professors and entering the PQ grant system at a younger age and before having children. In nursing, these stages happen later, and they become mothers before they are fellowship holders. Our data also shows that the participants' perception of their careers is different. Mothers in physics are more likely to see the negative impact of motherhood on their productivity and perceive their stage in their career as inferior than their colleagues. Harassment and implicit violence are strongly perceived in this area. In nursing, maternity and career development are perceived more positively, and we didn't detect the perception of harassment in the answers. In conclusion, the study reveals the dominance of the majority in both fields, as there has been no significant change over the years in the awarding of PQ grants to the minority group. The scientific environment differs in terms of career progression stages and on the perception of female researchers about their careers. In nursing, the dominant group dictates the area's profile according to the dynamics of women's lives, better accommodating motherhood. In physics, on the other hand, women must adapt to the uninterrupted trajectory established by the male majority, for whom parenthood does not usually affect their academic career. Thus, physicists perceive that they face more difficulties in reconciling the demands of motherhood and professional requirements, due to the occurrence of harassment and implicit violence. On the other hand, in nursing, the feeling of belonging is notorious among the PQ fellows, as they are in a mostly female environment. | en |
dc.format.mimetype | application/pdf | pt_BR |
dc.language.iso | por | pt_BR |
dc.rights | Open Access | en |
dc.subject | Análise de gênero | pt_BR |
dc.subject | Research productivity | en |
dc.subject | Produção científica | pt_BR |
dc.subject | Women in science | en |
dc.subject | Equidade de gênero | pt_BR |
dc.subject | Minorities | en |
dc.subject | Career | en |
dc.subject | Mulheres | pt_BR |
dc.subject | Enfermagem | pt_BR |
dc.subject | Maternity | en |
dc.subject | Física | pt_BR |
dc.title | Perfil e trajetória das mulheres bolsistas de Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq das áreas de física e enfermagem | pt_BR |
dc.type | Tese | pt_BR |
dc.contributor.advisor-co | Stanisçuaski, Fernanda | pt_BR |
dc.identifier.nrb | 001199405 | pt_BR |
dc.degree.grantor | Universidade Federal do Rio Grande do Sul | pt_BR |
dc.degree.department | Instituto de Ciências Básicas da Saúde | pt_BR |
dc.degree.program | Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências: Química da Vida e Saúde | pt_BR |
dc.degree.local | Porto Alegre, BR-RS | pt_BR |
dc.degree.date | 2024 | pt_BR |
dc.degree.level | doutorado | pt_BR |
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