Interprofissionalidade nas práticas dos profissionais de saúde da coordenadoria oeste de Porto Alegre-RS : primeiras leituras

Abstract

O cenário da política de saúde no Brasil vem sofrendo mudanças importantes no que se refere à direção da saúde pública, causando impactos na execução dos processos de trabalho em saúde pelos projetos de precarização e novos arranjos contratuais. O pensar e o fazer em saúde requerem a organização de trabalho e demandam o desenvolvimento de processos que possibilitem aos gestores e trabalhadores o aprendizado de formas de atuação para que a relação de trabalho na atenção à saúde possa firmar-se pela interprofissionalidade e trabalho colaborativo. Para modificar o processo de cuidado da população é relevante conhecer o perfil dos profissionais da rede de saúde do município, esse tipo de levantamento auxilia na compreensão, elaboração e adoção de medidas para qualificação das atividades sanitárias e de uma atenção mais condizente com as necessidades da população. O objetivo deste estudo é descrever o perfil dos profissionais que integraram as equipes de saúde da rede de atenção pertencentes à Coordenadoria Oeste do município de Porto Alegre/RS, no período de maio de 2022 a agosto de 2022, bem como analisar suas práticas na relação ensino-serviço e a interprofissionalidade no processo de trabalho e cuidado em saúde. Caracteriza-se como um estudo transversal, descritivo, com abordagem quantitativa, com levantamento de dados por meio de formulário eletrônico. A amostragem foi composta por 64 participantes, em maioria de mulheres (73%), de cor autodeclarada branca (81%) e idades entre 22 e 61 anos, com média de 39,6 anos. Possuem entre menos de 1 e 41 anos de formação, com média de 14,4. Mais de 50% da amostragem é composta por novos trabalhadores, com até dois anos de atuação no serviço. As primeiras leituras dos dados coletados apontam para uma prática em saúde que se encontra sobreposta pela contratualização. É imperativo que outros estudos se ocupem de descortinar práticas em saúde que demonstram o papel formador do SUS e que apontem o quanto a prática interprofissional em saúde pode qualificar o cuidado e a humanização em saúde. Do mesmo modo, ações de educação permanente em saúde são potentes para reintegrar o trabalhador da saúde ao seu cotidiano de produção de cuidados e construir possibilidades de saúde para a população.

The health policy scenario in Brazil has been undergoing important changes in the direction of public health, causing impacts on the implementation of work processes in health due to the projects of precariousness and new contractual arrangements. Thinking and doing in health require the organization of work and demand the development of processes that enable managers and workers to learn ways of acting so that the work relationship in health care can be established by interprofessionalism and collaborative work. In order to modify the population's care process, it is important to know the profile of the professionals in the municipality's health network. This type of survey helps in the understanding, development, and adoption of measures to qualify health activities and to provide care that is more consistent with the population's needs. The aim of this study is to describe the profile of the professionals who integrated the healthcare teams of the healthcare network belonging to the Coordinatorship West of the city of Porto Alegre/RS, from May 2022 to August 2022, as well as to analyze their practices in the teaching-service relationship and interprofessionality in the work process and healthcare. It is characterized as a cross-sectional, descriptive study, with a quantitative approach, with data survey by means of an electronic form. The sample was composed of a 64 peoples, majority of women (73%), white color (81%) and ages between 22 and 61 years, with a mean of 39.6 years. They have between less than 1 and 41 years of education, with a mean of 14.4. More than 50% of the sample is composed of new workers, with up to two years of experience in the service. The first readings of the data collected point to a health practice that is overlaid by contractualization. It is imperative that further studies be carried out to uncover health practices that demonstrate the formative role of the SUS and point out how interprofessional health practice can qualify care and humanization in health. Likewise, continuing education actions in health are powerful to reintegrate the health worker into their daily care production and to build health possibilities for the population.