A dialética dos processos de apropriação e objetivação na constituição da historicidade de pessoas com deficiência

Abstract

A presente tese de doutorado, vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com a linha de pesquisa Arte, Linguagem e Currículo, pretende, por meio da compreensão dos processos de apropriação e objetivação em uma abordagem sócio-histórica, aprofundar o saber e os conhecimentos referentes aos indicativos dos processos de estigmatização como aspectos determinantes nas formas como pessoas com deficiência desenvolvem sua historicidade. A concepção sócio-histórica é fundamentada em premissas advindas do materialismo histórico-dialético a partir da teoria geral de Karl Marx (1818-1883) e de Lev Vygotsky (1896-1934). Considerando as seguintes categorias de análise: a deficiência em sua constituição conceitual, a partir do modelo social da deficiência, a historicidade fundamentada no materialismo histórico, o estigma em uma perspectiva processual da estigmatização, bem como os processos de apropriação e objetivação, sendo estes também na forma de instrumentos de análise. Desse modo, opta-se por entrevistas sobre os itinerários biográficos de um participante com deficiência, aqui chamado de João Pedro, que estudou em escola pública regular, bem como em escola especial, ascendendo ao ensino superior, que se destaca por sua inserção nos meios sociais e laborais da música e docência. Como método, optou-se pela pesquisa autobiográfica e pela narrativa autobiográfica, a fim de buscar o reconhecimento da palavra de pessoas com deficiência. A presente tese tem por objetivo estabelecer pontos de conexão entre os processos de apropriação e objetivação, considerando o estigma enquanto elemento socialmente constituído, a partir da historicidade de pessoas com deficiência. Por meio desta pesquisa, produziram-se narrativas autobiográficas que identificaram parte das historicidades experienciadas pelo participante; analisaram-se a apropriação e a objetivação nas principais práticas sociais do participante, considerando-se as mudanças dos processos estigmatizantes e sua possível associação com as objetivações operadas pelo participante. Por fim, chega ao entendimento de que: não é apenas como as coisas são, mas como elas precisam ser, a partir das condições de cada sujeito, de cada indivíduo, a partir das formas como ocorreram seus próprios processos de apropriação e objetivação, e que serão indicativos de uma ruptura ou não da estigmatização.

This doctoral thesis, linked to the Postgraduate Program in Education at the Federal University of Rio Grande do Sul, with the research line Art, Language and Curriculum, intends, through the understanding of the processes of appropriation and objectivation in a social-historical approach, to deepen the knowledge and the knowledge related to the indicatives of the stigmatization processes as determinant aspects in the ways people with disabilities develop their historicity. The social-historical conception is based on premises arising from the historical-dialectical materialism from the general theory of Karl Marx (1818- 1883) and Lev Vygotsky (1896-1934). Considering the following categories of analysis: disability in its conceptual constitution, from the social model of disability, historicity based on historical materialism, stigma in a procedural perspective of stigmatization, as well as the processes of appropriation and objectification, these also being in the form of instruments of analysis. Thus, we opted for interviews about the biographical itineraries of a participant with disability, here called João Pedro, who studied in a regular public school, as well as in a special school, rising to higher education, which stands out for its insertion in the social and working environments of music and teaching. As a method, we opted for autobiographical research and autobiographical narrative, in order to seek the recognition of the words of people with disabilities. This thesis aims to establish points of connection between the processes of appropriation and objectification, considering stigma as a socially constituted element, from the historicity of people with disabilities. Through this research, autobiographical narratives were produced that identified part of the historicities experienced by the participant; the appropriation and objectification in the main social practices of the participant were analyzed, considering the changes of the stigmatizing processes and their possible association with the objectifications operated by the participant. Finally, it reaches the understanding that: it is not only how things are, but how they need to be, from the conditions of each subject, each individual, from the ways in which their own processes of appropriation and objectivation occurred, and that will be indicative of a rupture or not of stigmatization.