Estudo sobre a dimensão cognitiva das construções de comparação no português do Brasil
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Data
2024Orientador
Nível acadêmico
Doutorado
Tipo
Assunto
Resumo
Esta tese aborda a complexidade de descrever as manifestações da comparação no Português do Brasil (PB), uma vez que são muitas as possibilidades de materializá-la linguisticamente. Isto posto, a pesquisa defende que, para além do(s) uso(s) linguístico(s) canônico(s), a comparação advém de um esquema cognitivo mais amplo, desdobrando-se em uma rede cognitiva, com construções interligadas por nódulos que se estenderiam do nível sintático ao nível discursivo. Mais especificamente, a investigação ...
Esta tese aborda a complexidade de descrever as manifestações da comparação no Português do Brasil (PB), uma vez que são muitas as possibilidades de materializá-la linguisticamente. Isto posto, a pesquisa defende que, para além do(s) uso(s) linguístico(s) canônico(s), a comparação advém de um esquema cognitivo mais amplo, desdobrando-se em uma rede cognitiva, com construções interligadas por nódulos que se estenderiam do nível sintático ao nível discursivo. Mais especificamente, a investigação lança a hipótese de que a comparação não se realiza apenas por suas estruturas gramaticais listadas canonicamente, mas congrega dimensões sintáticas, semânticas, discursivo-pragmáticas e imagéticas. A fim de ratificar a hipótese aventada, este trabalho cumpre o objetivo de delinear uma rede cognitiva para as construções potencialmente comparativas no PB, orientando-se substancialmente pelos contributos da Linguística Cognitiva e da Gramática de Construções Baseada no Uso (GCBU). Langacker (1987), Goldberg (1995, 2006), Croft (2001), Hilpert (2014), Diessel (2019) e Hoffmann (2022) são alguns dos teóricos fundamentais à orientação metodológica desta pesquisa, dividida em duas etapas de observação empírica: (i) coleta, quantificação e descrição de enunciados potencialmente comparativos, extraídos de textos autênticos; e (ii) construção e aplicação de duas tarefas psicolinguísticas, uma de produção e outra de compreensão. Na etapa (i), recorre-se aos procedimentos comuns à Linguística de Corpus, com o objetivo de coletar dados que sejam suficientemente representativos da língua em uso. Já a etapa II verifica as propriedades inerentes às construções potencialmente comparativas, bem como afere a realidade psicológica daquelas que não são, pela Gramática Tradicional (GT), categorizadas como formas de comparar. Na compilação entre os resultados da análise empírica, verificou-se que (i) a comparação é frequentemente expressa por meio de estruturas comparativas menos convencionais, afastando-se do protótipo; (ii) o grau não é necessariamente enfatizado ao expressar similitude e exemplificação; (iii) quando a comparação é veiculada por um conector de cláusulas, as estruturas são mais compreendidas pelos usuários; (iv) conectores que não são categorizados pela tradição como comparativos — a conjunção enquanto, por exemplo — podem exprimir comparação; e (v) estruturas introduzidas por alguns verbos epistêmicos — pensar, imaginar, supor — orientam relações de comparação em nível discursivo-pragmático. Notar essas e outras propriedades tornou possível oferecer uma tipologia para algumas das construções linguísticas de comparação no PB e propor, com base e no estado da arte e na observação empírica, as redes construcionais. ...
Abstract
This thesis deals with the complexity of describing comparison manifestations in the Brazilian Portuguese (BP), since there are many possibilities to materialize it linguistically. That said, the research argues that, in addition to the canonical linguistic uses, comparison comes from a broader cognitive scheme, unfolding in a cognitive network, with constructions interconnected by nodes that would extend from syntactic to discursive levels. More specifically, the investigation hypothesizes tha ...
This thesis deals with the complexity of describing comparison manifestations in the Brazilian Portuguese (BP), since there are many possibilities to materialize it linguistically. That said, the research argues that, in addition to the canonical linguistic uses, comparison comes from a broader cognitive scheme, unfolding in a cognitive network, with constructions interconnected by nodes that would extend from syntactic to discursive levels. More specifically, the investigation hypothesizes that comparison is not made only by its canonically listed grammatical structures, but instead, it also brings together syntactic, semantic, discursive, pragmatic and imagery dimensions. To confirm such hypothesis, this work fulfills the objective of delineating a cognitive network for potentially comparative constructions in BP, substantially guided by the contributions of Cognitive Linguistics and Usage-Based Constructions Grammar (GCBU is an acronym in Portuguese). Langacker (1987), Goldberg (1995, 2006), Croft (2001), Hilpert (2014), Diessel (2019) and Hoffmann (2022) are some of the fundamental theorists for the methodological guidance of this research, divided into two stages of empirical observation: i) compilation, quantification and categorization of data that represent potentially comparative statements, extracted from authentic texts; and ii) construction and application of two psycholinguistic tasks of both linguistic production and comprehension. In step (i), common procedures to Corpus Linguistics are used to collect data that could sufficiently represent the use of language. Step (ii), on the other hand, verifies the inherent properties of potentially comparative constructions and assesses the psychological reality of constructions that are not categorized as forms of comparison by Traditional Grammar (GT). Empirical analysis results show that i) comparison is often expressed through less conventional comparative structures, moving away from the prototype; ii) the degree is not necessarily emphasized when expressing similarity and exemplification; iii) when comparison is conveyed by a clause connector, its structures are better understood by speakers iv) connectors that are not traditionally categorized as comparative—the conjunction enquanto (while), for example—can express comparison; and v) structures introduced by some epistemic verbs— pensar, imaginar, supor (think, imagine, suppose) — guide comparison relations at the discursive level. Noting these and other properties enable a typology for some of the linguistic comparison constructions in BP and to offer constructional networks, based on the state of the art and empirical observation. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Letras. Programa de Pós-Graduação em Letras.
Coleções
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