A inserção de jovens negros recém-formados da UFRGS no mercado de trabalho : uma análise sobre os efeitos do racismo estrutural

Abstract

O mercado de trabalho é ambiente crucial na vida de qualquer indivíduo, pois é a partir dele que adquire independência financeira. Além disso, é um ambiente em que ocorrem relações de poder e construção de identidade dos indivíduos, caracterizando a sociedade brasileira e seus conflitos. Estudos demostram que a inserção da população negra neste ambiente é permeada por obstáculos, muitas vezes levando a não inserção dessa população no mercado de trabalho, devido ao racismo estrutural que permeia as relações da sociedade. Este trabalho tem como proposta, analisar, sob ótica teórica do racismo estrutural, como os jovens negros recém-formados da UFRGS se posicionam frente ao racismo estrutural que reflete na sua inserção no mercado de trabalho. Para atingir esse objetivo, foram realizadas entrevistas semiestruturadas de caráter qualitativo exploratório com seis alunos jovens negros da UFRGS. Foi a partir da análise das trajetórias e vivências dos entrevistados que se fez possível compreender a importância da formação para cada um e as dificuldades encontradas no mercado de trabalho devido ao racismo estrutural. Os dados coletados foram organizados por meio de uma análise de conteúdo categorial, defendida pelo autor Bardin, que se originou três categorias de análises, a primeira é sobre a trajetória dos jovens negros na UFRGS, desde sua entrada até sua saída, a segunda é sobre o mercado de trabalho, explicando as experiências desses jovens negros e a terceira é sobre o racismo estrutural, examinando o conhecimento e posicionamento dos entrevistados. Conclui-se que, mesmo com formação, os jovens negros, ainda sim, passam por dificuldades para se inserir no mercado de trabalho. Então, com está pesquisa se confirma que o racismo estrutural é um fator determinante da não inserção dos jovens negros no mercado de trabalho.

The job market is a crucial environment in the life of any individual, as it is where financial independence can be achieved. Furthermore, in this environment there are power relations and the construction of identity among individuals that characterize Brazilian society and its conflicts. Studies show that the insertion of the black population in this environment is permeated by obstacles, often resulting in this population not being included in the job market, in which these obstacles are due to the structural racism that constitutes society's relations. This work aims to analyze, from the theoretical perspective of structural racism, how young black people recently graduated from UFRGS position themselves in the face of structural racism that affects their insertion into the job market. To achieve this objective, semi-structured qualitative exploratory interviews were carried out with six young black students from UFRGS. It was from the analysis of the trajectories and experiences of the interviewees that it was possible to understand the importance of training for each person, the difficulties that exist in the job market due to structural racism. The data collected was organized through a categorical content analysis, defended by the author Bardin, which gave rise to three categories of analysis, the first is about the trajectory of young black people at UFRGS, from their entry to their exit, the second would be about the market work explaining the experiences of these young black people and the third would be about structural racism explaining the knowledge on the part of the interviewees and their positioning. It is concluded that even if young black people have training, they still face difficulties in entering the job market. Therefore, this research confirms that structural racism is a determining factor in the failure of young black people to enter the job market.