Jogos na educação matemática : ferramentas na condução das condutas dos sujeitos neoliberais

Abstract

A presente investigação teve por objetivo geral examinar as formas de ser docente mobilizadas pela gramática da sedução presente no uso de jogos nas aulas de Matemática. Alinhadas a esse objetivo, foram construídas três questões: 1) Na literatura contemporânea da área da Educação, quais são as enunciações mais recorrentes sobre jogos? 2) Quais as aproximações entre os jogos e a racionalidade neoliberal? 3) Que regras presentes na gramática da sedução são mobilizadas pelo trabalho com jogos nas aulas de Matemática? As bases teóricas que sustentaram a pesquisa envolvem as teorizações de Michel Foucault, Gilles Lipovetsky, Maurizio Lazzarato, Christian Laval e Byung-Chul Han. A metodologia foi conformada pela análise discursiva de inspiração foucaultiana. O material empírico compreendeu 24 artigos científicos ou resumos expandidos completos de domínio público, disponíveis nos anais eletrônicos das reuniões nacionais da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd), entre os anos de 2000 e 2021, nas modalidades trabalho ou pôster, no GT 19 – Educação Matemática. A partir dessa empiria, foi possível mostrar a existência de uma gramática da sedução, um conjunto de táticas de condução das condutas operacionalizadas no meio educacional por meio de práticas como o uso de jogos na matemática. Verificou-se que, impulsionados pelos desejos de aprender e de ensinar das formas de vida escolares, os jogos fazem parte de um ciclo virtuoso de positividade, no qual se produzem sujeitos motivados, criativos e inovadores. Ademais, apresentou-se o aspecto comunicacional e informacional da educação, evidenciando-se a relevância do trabalho colaborativo e o posicionamento do professor como um gestor de informações. Com isso, foi possível sustentar a tese de que o jogo na educação matemática tem funcionado como uma ferramenta para a constituição de determinados tipos de sujeitos, alinhados às premissas neoliberais, imersas nas demandas de inovação, eficiência, cognição e criatividade, próprias de uma sociedade e de um tempo em que o progresso tecnológico parece imperar.

The present investigation had the general objective of examine the ways of being a teacher mobilized by the grammar of seduction present in the use of game in Mathematics classes. Aligned with this objective, three questions were constructed: 1) In contemporary literature in the field of Education, what are the most recurrent statements about games?; 2) What are the similarities between games and neoliberal rationality?; 3) What rules present in the grammar of seduction are mobilized by working with games in Mathematics classes? The theoretical bases that supported the research involve the theories of Michel Foucault, Gilles Lipovetsky, Maurizio Lazzarato, Christian Laval and Byung-Chul Han. The adopted methodology was shaped by the discursive analysis of Foucauldian inspiration. The empirical material consisted of 24 scientific articles or complete expanded abstracts in the public domain, available in the electronic annals of the national meetings of National Association of Post-Graduate Studies and Research in Education (ANPEd), between the years 2000 and 2021, in the form of work or poster, in GT 19 – Mathematics Education. From this experience, it was possible to show the existence of a grammar of seduction, a set of tactics for conducting conducts operationalized in the educational environment through practices such as the use of games in mathematics. Driven by the desire to learn and teach from school life forms, it was found that games are part of a virtuous cycle of positivity, in which motivated, creative and innovative subjects are produced. Furthermore, the communicational and informational aspect of education was presented, highlighting the relevance of collaborative work and the positioning of the teacher as an information manager. With this, it was possible to support the thesis that the game in mathematics education has worked as a tool for the constitution of certain types of subjects, aligned with the neoliberal premises immersed in the demands of innovation, efficiency, cognition and creativity, typical of a society and a time when technological progress seems to prevail.