Naturalmente crianças : a relação entre a infância e a natureza na prática pedagógica com a educação infantil

Abstract

Este Trabalho de Conclusão teve como objetivo geral investigar como a professora e a equipe gestora de uma escola de Educação Infantil da rede pública de Novo Hamburgo promovem a relação das crianças com a natureza em suas práticas pedagógicas, e como objetivos específicos: 1) analisar a relação entre a proposta pedagógica da instituição, as narrativas da professora e da equipe gestora e as práticas pedagógicas observadas no que tange à relação das crianças com a natureza; 2) compreender o entendimento da professora e da equipe gestora com relação ao trabalho pedagógico envolvendo crianças e natureza; 3) inventariar as práticas pedagógicas realizadas na turma investigada e na escola de modo geral - a partir das narrativas da professora e da equipe gestora, bem como da observação realizada - que potencializam a relação entre crianças e natureza; 4) compreender os principais desafios enfrentados pela equipe da escola com relação ao trabalho pedagógico envolvendo crianças e natureza no período pós-inundações de maio de 2024. O referencial teórico da pesquisa esteve ancorado principalmente em Léa Tiriba (2007, 2010, 2018, 2019), Richard Louv (2016) e Izenildes Bernardina Lima (2020). Metodologicamente, trata-se de uma pesquisa qualitativa do tipo Estudo de Caso (Chizzotti, 2010), uma vez que foi desenvolvida em uma instituição de Educação Infantil. O caminho metodológico percorrido, foi: análise dos documentos orientadores da Rede Municipal de Ensino de Novo Hamburgo (Novo Hamburgo, 2015; 2020) e da EMEI Chapeuzinho Vermelho (2023); observações participantes (Minayo, 2013) no e com o Grupo Ameixeira, constituído por crianças de 3 a 4 anos, e de entrevistas semi estruturadas (Trivinõs, 1987) com uma professora e a equipe gestora da EMEI Chapeuzinho Vermelho, situada em Novo Hamburgo. Os resultados evidenciam que, dentre as muitas formas encontradas pela equipe da EMEI para promover a relação das crianças com a natureza em suas práticas pedagógicas, estão o incentivo para que as crianças permaneçam em contato direto com a natureza pela maior parte de tempo possível; as ações de cuidado e preservação que são vividas no cotidiano das crianças; o envolvimento das crianças com todo o corpo, com todos os sentidos; a integração com a natureza também nos espaços internos da instituição; e, de modo geral, o incentivo para que as crianças se sintam crianças da natureza (Tiriba, 2010). O estudo evidenciou também a integração e coerência entre documentos, narrativas e práticas vivenciadas, e o contato das crianças com a natureza foi reafirmado como um elemento essencial para o desenvolvimento integral das crianças, evidenciando que momentos ao ar livre não só ampliam o repertório de experiências das crianças, mas também fortalecem a criação de vínculos afetivos com o ambiente, contribuindo para a formação de sujeitos mais conscientes e sensíveis à preservação do mundo natural. Os resultados também destacam o impacto das enchentes de 2024, que devastaram a escola, exigindo esforços de reconstrução física e pedagógica, processo esse que reafirmou a importância dos espaços naturais no cotidiano infantil, tornando-se também uma experiência de superação e fortalecimento entre escola, crianças, famílias e comunidade.