Morfologia dos ovários e fecundidade de Hyalella sp. (Crustacea, Amphipoda, Hyalellidae)

Abstract

O gênero Hyalella está representado no Rio Grande do Sul por três espécies, H. pseudoazteca Gonzales & Watling, H. montenegrinae Bond-Buckup & Araújo e H. curvispina Shoemaker. Recentemente foram encontradas em um dos locais de maior altitude do Estado, no município de São José dos Ausentes, RS (28°47'00" S - 49°50'53" W) duas novas espécies ainda não descritas para a ciência. Os hialelídeos são elos importantes na cadeia alimentar dos sistemas límnicos, além de serem facilmente cultivados em laboratório. Devido a esta característica são utilizados como bioindicadores em testes de toxicidade e bioensaios na avaliação dos impactos causados pelas diversas atividades humanas nos ambientes aquáticos. O conhecimento de aspectos relacionados a reprodução, particularmente a fecundidade, das espécies reveste-se de importância por fornecer subsídios para o cultivo. A pesquisa tem por objetivo descrever a localização e a morfologia dos ovários de Hyalella sp, assim como estimar a fecundidade média com base no número de ovos. Foram analisadas 54 fêmeas, as quais foram dissecadas e algumas preparadas histologicamente adotando-se os métodos laboratoriais de rotina. A espécie apresenta um par de ovários localizados dorsalmente entres os pereiópodos 2 e 7, com um comprimento médio de 2,67mm ±1,34, n=10. Essas fêmeas tiveram a largura do cefalotórax variando de 0,74 a 1,04mm. A regressão do comprimento do ovário para o cefalotórax apresentou y=10,364x-6,1194 (R²=0,38) A partir da análise dos cortes histológicos de 21 fêmeas observou-se a presença de oogônias, células foliculares, ovócitos pré-vitelogênicos e vitelogênicos, comprovando tratar-se de um ovário com reprodução continua ao longo da vida (iteróparo). A relação da fecundidade para o cefalotórax de Hyalella sp, foi representada por y=111,65x - 65,26 (R²=0,55), n=27. A fecundidade variou de 5 a 77 ovos, com média de 31,26± 16,11. A largura do cefalotórax das fêmeas ovígeras variou de 0,6 a 1,06mm. Comparando-se a fecundidade dessa espécie com as dos demais Amphipoda, percebe-se que ela apresenta uma alta fecundidade, o que pode representar uma vantagem para o cultivo em laboratório.