Escrevivências : a memória afetiva como fonte de informação coletiva entre mulheres negras de resistência

Abstract

Este estudo investiga a memória afetiva das mulheres negras como uma fonte de informação significativa, analisando sua capacidade de articular diferentes tipos de memória — individual, coletiva, cultural e afetiva — e evidenciando as conexões que emergem dessa inter-relação. A pesquisa se fundamenta no feminismo negro, que oferece uma base teórica para destacar o protagonismo das mulheres negras ao compartilharem suas vivências e trajetórias. Essas memórias, frequentemente marcadas por resistências e superações, criam redes de apoio, acolhimento e fortalecimento coletivo, promovendo a construção de identidades e pertencimentos. O estudo também discute a relevância da memória afetiva no campo da arquivologia, ampliando o entendimento dos arquivos como espaços que transcendem os registros materiais, abrigando narrativas orais e experiências emocionais. A metodologia cartográfica afetiva a partir da escrevivência foi utilizada para mapear os territórios simbólicos, subjetivos e físicos que compõem essas memórias, revelando a potência dos afetos como elementos essenciais para a preservação identitária e histórica das mulheres negras. Conclui-se que a memória afetiva é mais do que um simples registro de vivências; trata-se de uma ferramenta política e social, capaz de desafiar estruturas opressoras e promover diálogos interseccionais. A valorização dessas narrativas reforça a importância de construir saberes inclusivos e reconhecer as histórias e contribuições das mulheres negras como fundamentais para compreender a sociedade e transformar seus espaços de conhecimento.

This study investigates the affective memory of Black women as a significant source of information, analyzing its ability to articulate different types of memory — individual, collective, and cultural — and highlighting the connections that emerge from these interrelations. The research is grounded in Black feminism, providing a theoretical framework to emphasize the protagonism of Black women in sharing their experiences and life stories. These memories, often marked by resistance and resilience, create networks of support, care, and collective empowerment, fostering the construction of identities and a sense of belonging. The study also addresses the relevance of affective memory within the field of archival science, expanding the understanding of archives as spaces that go beyond material records to encompass oral narratives and emotional experiences. The affective cartography methodology was employed to map the symbolic, subjective, and physical territories that shape these memories, unveiling the power of emotions as essential elements for the identity and historical preservation of Black women. The study concludes that affective memory is more than a mere record of experiences; it is a political and social tool capable of challenging oppressive structures and fostering intersectional dialogues. Valuing these narratives reinforces the importance of constructing inclusive knowledge and recognizing the stories and contributions of Black women as fundamental to understanding society and transforming spaces of knowledge.