Arqueologia colaborativa quilombola : por uma nova perspectiva do fazer arqueológico

Abstract

Este estudo analisa a contribuição da arqueologia colaborativa no enfrentamento das lutas e desafios enfrentados pelas comunidades quilombolas, focando na interação entre a disciplina arqueológica e as comunidades tradicionais. A pesquisa baseia-se em dois projetos arqueológicos: a dissertação de mestrado de Gil Passos de Mattos, "Juntos como nossos amigos, onde tem churrasco e chimarrão, eu sou gaúcho de coração: etnoarqueologia e memória do território da comunidade quilombola Fazenda Cachoeira", e o artigo de Patrícia Marinho Carvalho e Rossano Lopes Bastos, "Sítio Arqueológico no Quilombo Saracura: a insurgência do movimento negro pelo direito à memória". O estudo explora como a prática arqueológica pode ser uma ferramenta de resistência, fortalecimento da identidade quilombola e superação das dificuldades sociais e culturais dessas comunidades. Além disso, a pesquisa busca compreender a ressignificação do conceito de "quilombo" ao longo do tempo e o impacto das transformações na arqueologia, com ênfase na arqueologia quilombola no Brasil. A partir de uma perspectiva decolonial, o trabalho examina como os quilombos representam formas de resistência ao processo escravocrata, preservando conhecimentos, práticas e valores essenciais para as comunidades atuais. A pesquisa também aborda como os vestígios materiais podem ser utilizados para reconstruir uma história mais inclusiva, destacando o protagonismo negro na formação da sociedade brasileira. A análise dos dois projetos exemplifica a importância da colaboração entre arqueólogos e as comunidades, respeitando suas histórias e saberes, e promovendo um novo olhar sobre a arqueologia, que vai além de uma perspectiva eurocêntrica.