Boas práticas de cuidado com cateter central de inserção periférica em pacientes adultos internados

Abstract

A adoção de boas práticas de cuidados com o cateter central de inserção periférica (PICC) aplicadas em pacientes internados são pouco conhecidas no contexto de hospitais públicos no Brasil. Com a finalidade de contribuir com o conhecimento nesta área, este estudo foi proposto para avaliar a adoção de boas práticas de cuidados com o PICC em pacientes adultos internados no Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Estudo longitudinal com coleta de dados retrospectiva com pacientes que utilizaram PICC durante a internação no período de janeiro de 2023 a janeiro de 2024. A coleta de dados foi por meio de monitorização semanal conduzidas por enfermeiros do Programa de Acesso Vascular e alunos da graduação de enfermagem. Foram analisados dados demográficos, clínicos e variáveis relacionadas à monitorização em 164 cateteres, durante duas monitorizações e complementados por revisão de prontuários. Além da avaliação da adoção das boas práticas (aspecto do sítio de inserção do cateter, do curativo, fixação adequada do cateter e conjunto de conexões dentro da validade), na 1ª visita foram avaliadas as variáveis relacionadas à inserção do cateter, como a lista de verificação, realização de raio x para controle da posição da ponta do cateter, intercorrências do procedimento, indicação para inserção e necessidade de realizar reposicionamento do cateter posteriormente. Foram monitorizados 164 PICCs, 94(57,3%) mono-lúmen; As principais boas práticas observadas foram: tipo de curativo 73,2% (película+statlock), aspecto do curativo 97,6% (limpo), validade 98,2%, fixação adequada em 99,4% dos casos. Das principais intervenções com as equipes: em 61,6% das monitorizações foi necessário realizar orientações relacionadas ao curativo, cuidados com turbilhonamento (50%), manejo de obstruções 37,8% alerta da equipe para presença de sinais flogísticos 31,7%. Foram identificadas as principais complicações associadas ao uso do PICC, como infecção relacionada ao cateter em 2 casos (1,8%), trombose venosa profunda em 3 casos (2,7%) e obstrução de cateter em 4 (3,6%). Os resultados demonstraram que a adoção sistemática das boas práticas, a atuação de um time de acesso vascular e a educação permanente realizada a equipe contribuem com baixas taxas de complicações.

The adoption of good care practices for peripherally inserted central catheters (PICCs) applied to hospitalized patients is little known in the context of public hospitals in Brazil. In order to contribute to knowledge in this area, this study was proposed to evaluate the adoption of good care practices for PICCs in adult patients admitted to the Hospital de Clínicas de Porto Alegre. A longitudinal study with retrospective data collection with patients who used PICCs during hospitalization from January 2023 to January 2024. Data collection was through weekly monitoring conducted by nurses from the Vascular Access Program and undergraduate nursing students. Demographic, clinical and monitoring-related variables were analyzed in 164 catheters during two monitoring sessions and complemented by medical record review. In addition to assessing the adoption of good practices (aspect of the catheter insertion site, dressing, adequate catheter fixation and set of connections within the validity period), variables related to catheter insertion were assessed during the first visit, such as the checklist, x-ray to control the position of the catheter tip, complications during the procedure, indication for insertion and need to reposition the catheter later. A total of 164 PICCs were monitored, 94 (57.3%) single-lumen; The main good practices observed were: type of dressing 73.2% (film+statlock), dressing appearance 97.6% (clean), validity 98.2%, adequate fixation in 99.4% of cases. Of the main interventions with the teams: in 61.6% of the monitoring, it was necessary to provide guidance related to the dressing, care with turbulence (50%), management of obstructions 37.8%, alerting the team to the presence of phlogistic signs 31.7%. The main complications associated with the use of PICC were identified, such as catheter-related infection in 2 cases (1.8%), deep vein thrombosis in 3 cases (2.7%) and catheter obstruction in 4 (3.6%). The results demonstrated that the systematic adoption of good practices, the work of a vascular access team and the ongoing education provided to the team contribute to low complication rates.