Dermatite e periostite fúngicas em membro torácico de pinguim-de-magalhães (Spheniscus magellanicus) : relato de caso

Abstract

Esse relato descreve um caso de dermatite e periostite fúngicas em um pinguim-de-Magalhães (Spheniscus magellanicus) adulto, proveniente de vida livre e atendido no Centro de Reabilitação de Animais Marinhos (CERAM) e no Núcleo de Conservação e Reabilitação de Animais Silvestres (Preservas) do Hospital de Clínicas Veterinárias da UFRGS. O animal foi internado apresentando lesão em membro torácico esquerdo. Os exames radiográficos evidenciaram intensa proliferação óssea heterogênea na articulação úmero-rádio-ulnar e edema em tecidos moles. A biópsia revelou a presença de hifas fúngicas e acentuado infiltrado inflamatório, resultantes de dermatite e periostite fúngicas. Após a análise criteriosa dos resultados dos exames, o diagnóstico presuntivo foi de aspergilose. O tratamento foi iniciado com itraconazol manipulado, sem aparência de evolução clínica, então modificado para voriconazol. O animal veio a óbito e a necrópsia não foi realizada. Apesar disso, a literatura destaca a aspergilose, frequentemente causada por Aspergillus fumigatus, como a doença fúngica mais comum em pinguins. Esse relato discute a localização atípica das lesões e os possíveis fatores que influenciaram o insucesso terapêutico, incluindo particularidades da fisiologia de pinguins. Assim, busca contribuir para o avanço da medicina de Sphenisciformes e para a elucidação da farmacocinética de antifúngicos frequentemente usados para tratamento da aspergilose em pinguins.

This report describes a case of fungal dermatitis and periostitis in an adult Magellanic penguin (Spheniscus magellanicus), rescued from the wild and treated at the Marine Animal Rehabilitation Center (CERAM) and the Wildlife Conservation and Rehabilitation Center (Preservas) at the Veterinary Clinical Hospital of UFRGS. The animal was admitted with a lesion on the left upper limb. Radiographic examinations revealed significant heterogeneous bone proliferation in the humero-radioulnar joint and soft tissue edema. The biopsy revealed the presence of fungal hyphae and marked inflammatory infiltrate, indicative of fungal dermatitis and periostitis. After analysis of the test results, the presumptive diagnosis was aspergillosis. Treatment was initiated with compounded itraconazole, with no apparent clinical improvement, and subsequently switched to voriconazole. The animal eventually died, and no necropsy was performed. Despite this, the literature highlights aspergillosis, frequently caused by Aspergillus fumigatus, as the most common fugal disease in penguins. This report discusses the atypical location of the lesions and the possible factors influencing therapeutic failure, including the unique physiological characteristics of penguins. Thus, it aims to contribute to the advancement of Sphenisciformes medicine and the elucidation of the pharmacokinetics of antifungal agents frequently used for treating aspergillosis in penguins.