Relações Brasil-Moçambique : cooperação educacional no governo Lula (2003-2010)

Abstract

A Cooperação Sul-Sul surge a partir de um período pós guerras onde os Estados do Sul Global passam a questionar os verdadeiros interesses do Norte-Global em cooperar com os países subdesenvolvidos. Este novo jeito de fazer política internacional ocorre não apenas no sentido econômico, mas também, se amplia em um leque de políticas voltadas para o desenvolvimento político e social destes países periféricos. O Brasil entre a primeira década dos anos 2000 desenvolveu um grande número de projetos de cooperação em áreas como saúde, educação, agricultura, mineração, entre vários outros setores, e em sua maioria direcionados ao continente africano, apresentando este como uma de suas prioridades na política externa. Com uma política de soft power, o Brasil busca influenciar com seus projetos a educação, cultura, o território e a população de Moçambique, sendo este um dos maiores parceiros do Brasil em políticas educacionais. O objetivo deste trabalho é analisar a política externa do Brasil, assim como seus interesses políticos na Cooperação Sul-Sul, e com Moçambique. Para isso, foi adotada uma metodologia qualitativa, em uma pesquisa bibliográfica acerca do tema em específico em trabalhos acadêmicos, revistas, periódicos e livros, assim como dados quantitativos disponíveis nos canais oficiais do governo brasileiro e de seus Ministérios, para entender e apresentar as relações bilaterais entre os dois países. Dentre as conclusões, verificou-se que o Brasil vê o continente africano, os PALOP, e claro, Moçambique, como um parceiro fundamental nos projetos de cooperação educacional, e um território onde ainda pode exercer grande influência econômica, o que o auxilia a se lançar como uma potência em ascensão para o cenário internacional.

South-South Cooperation emerged in a post-war period when the states of Global South began to question the true interests of the Global North in cooperating with underdeveloped countries. This new way of doing international politics occurs not only in the economic sense, but also extends to a range of policies aimed at the political and social development of these peripheral countries. In the first decade of the 2000s, Brazil developed a large number of cooperation projects in areas such as health, education, agriculture, mining, among several other sectors, most of which were directed at the African continent, presenting this as one of its priorities in foreign policy. With a soft power policy, Brazil seeks to influence the education, culture, territory and population of Mozambique with its projects, which is one of Brazil's largest partners in educational policies. The objective of this paper is to analyze Brazil's foreign policy, as well as its political interests in South-South Cooperation and with Mozambique. To this end, a qualitative methodology was adopted, in a bibliographical research on the specific topic in academic works, magazines, periodicals and books, as well as quantitative data available in the official channels of the Brazilian government and its Ministries, to understand and present the bilateral relations between the two countries. Among the conclusions, it was found that Brazil sees the African continent, the PALOP, and of course, Mozambique, as a fundamental partner in educational cooperation projects, and a territory where it can still exert great economic influence, which helps it to launch itself as a rising power on the international scene.