Reerguer dos escombros : cosmovisão indígena, humanos e outros-que-humanos : um estudo a partir da pandemia de Covid-19

Abstract

Esta pesquisa propõe compreender como as cosmovisões e as experiências indígenas durante a pandemia de Covid-19 auxiliam na compreensão das relações humanas e mais que humanas no capitalismo. Argumenta-se que as experiências indígenas tanto na pandemia quanto em epidemias passadas são peças fundamentais para entender como lidar com crises e catástrofes como estas. Para isso, constrói-se um debate com os conceitos de Antropoceno/Capitaloceno/Chthuluceno e como estes podem auxiliar nas análises sobre a forma com que seres humanos se relacionam entre si e com os outros-que-humanos no contexto neoliberal capitalista. Então, a partir de fundamentações que envolvem a etnografia e os modos de viver não-branco, especialmente as relações de comunidades indígenas com o mundo, usando como contexto de análise a pandemia, apresenta-se um argumento sobre outras possibilidades de imaginar o(s) futuro(s) e indagar a necessidade de repensar a forma de se relacionar com o meio ambiente a partir de uma ótica de equilíbrio multiespécie. Ainda, apresenta-se possibilidades de a pesquisa histórica e acadêmica utilizar desses conhecimentos ancestrais como auxiliares ao pensamento teórico. Para isso, utiliza-se uma análise bibliográfica transdisciplinar em diálogo com literaturas indígenas das etnias Yanomami e Krenak. Dessa forma, é possível concluir que há, nas vivências e competências indígenas, vislumbres de saídas das crises do capitalismo e perspectivas de futuros que não envolvam fins de mundos.

This research aims to understand how indigenous worldviews and experiences during the Covid-19 pandemic help us understand human and more-than-human relations in capitalism. It argues that indigenous experiences both in the pandemic and in past epidemics are fundamental to understanding how to deal with crises and catastrophes such as these. To this end, a debate is built around the concepts of the Anthropocene/Capitalocene/Chthulucene and how they can help analyze the way in which human beings relate to each other and to other-than-humans in the neoliberal capitalist context. So, from foundations that involve ethnography and non-white ways of living, especially the relationships of indigenous communities with the world, using the pandemic as a context for analysis, an argument is presented about other possibilities of imagining the future(s) and inquiring into the need to rethink the way of relating to the environment from a perspective of multi-species balance. It also presents possibilities for historical and academic research to use this ancestral knowledge as an aid to theoretical thinking. To this end, a transdisciplinary bibliographical analysis is used in dialog with indigenous literature from the Yanomami and Krenak ethnic groups. In this way, it is possible to conclude that there are, in indigenous experiences and skills, glimpses of ways out of the crises of capitalism and prospects for futures that do not involve the end of worlds.