Envelhescências migrantes : (im)possibilidades de trabalho e vida de migrantes 50+ no Brasil

Abstract

Esta pesquisa buscou compreender como pessoas migrantes em fase de envelhescência (pessoas migrantes 50+) buscam estratégias para produzir trabalho e vida no Brasil. Ela aborda a população migrante 50+ que tem aumentado no Brasil nos últimos anos, mas que pouco se tem pesquisas, informações e conhecimentos sobre essa nova realidade. Neste estudo observou-se que esta população é originária de diversos países, mas predominam os migrantes oriundos da Venezuela, Haiti e Cuba. Buscando oportunidades para trabalhar ou migrando para apoiar no cuidado de familiares, estas pessoas têm o direito à cidade bastante limitado e poucas são as políticas públicas para esta população. Frente ao desemprego, trabalhos precários, xenofobia, etarismo, racismo, exclusão social e preconceitos de gênero, estes migrantes têm trilhado percursos sozinhos e sozinhas tanto no processo migratório, quanto no processo de envelhecimento. A estratégia metodológica utilizada foi a realização de oficinas de trabalho e, em quatro encontros, promovemos espaço para conversas, poesias, colagens de revistas e compartilhamento das suas trajetórias, buscando ouvir como narram suas próprias histórias. Para discutir as oficinas, agreguei à narrativa, as experiências vividas na minha própria trajetória de trabalho e acolhimento à população migrante, dando lugar às inspirações das estratégias de escrevivências, de Conceição Evaristo, e da autoetnografia. Esta posição é tanto metodológica, quanto ética, pois busca a não objetificação de quem participa da pesquisa, fato corrente em perspectivas colonialistas nos estudos acadêmicos. Esta pesquisa está localizada em Porto Alegre mas compreende-se que os percursos migratórios que influenciam as vidas e trajetórias, costuram diversas cidades e estados no Brasil e no mundo, transcendendo assim o limite geográfico.

This research sought to understand how migrants in the phase of growing older (migrants aged 50+) seek strategies to create work and life in Brazil. It addresses the 50+ migrant population that has increased in Brazil in recent years, but about which there is little research, information, and knowledge regarding this new reality. In this study, it was observed that this population originates from various countries, but predominantly from Venezuela, Haiti, and Cuba. Seeking opportunities to work or migrating to support family care, these individuals face significant limitations on their right to the city, and there are few public policies for this population. Faced with unemployment, precarious work, xenophobia, ageism, racism, social exclusion, and gender prejudices, these migrants have navigated their journeys alone, both in the migration process and in the aging process. The methodology used involved conducting workshops, and in four sessions, we created spaces for conversations, poetry, magazine collages, and sharing of their trajectories, aiming to listen to how they narrate their own stories. To discuss the workshops, I integrated into the narrative my own experiences in working with and supporting the migrant population, drawing inspiration from the strategies of escrevivências by Conceição Evaristo and autoethnography. This position is both methodological and ethical, as it seeks to avoid objectifying research participants, a common issue in colonialist perspectives in academic studies. This research is located in Porto Alegre but understands that migratory paths influencing lives and trajectories weave through various cities and states in Brazil and worldwide, thus transcending geographic limits.

Esta investigación buscó comprender cómo las personas migrantes en fase de envejecimiento (personas migrantes 50+) buscan estrategias para producir trabajo y vida en Brasil. Se dirige a la población migrante mayor de 50 años que ha aumentado en Brasil en los últimos años, pero que hay poca investigación, información y conocimiento sobre esta nueva realidad. En este estudio se observó que esta población proviene de diferentes países, pero predominan los migrantes de Venezuela, Haití y Cuba. Buscando oportunidades de trabajo o migrando para ayudar a cuidar a familiares, estas personas tienen un derecho a la ciudad muy limitado y existen pocas políticas públicas para esta población. Frente al desempleo, el trabajo precario, la xenofobia, el idadismo, el racismo, la exclusión social y los prejuicios de género, estas personas migrantes han tomado caminos en solitario, tanto en el proceso migratorio como en el proceso de envejecimiento. La estratégia metodológica utilizada fue la realización de talleres de trabajo y, en cuatro encuentros, brindamos espacios para compartir trayectorias, conversaciones, poesías y collages de revistas, buscando escuchar cómo estas personas narran sus propias historias. Para discutir los talleres, agregué a la narrativa las experiencias vividas en mi propia trayectoria de trabajo y acogida a la población migrante, dando paso a inspiraciones en las estrategias de escrevivência de Conceição Evaristo y la autoetnografía. Esta posición es tanto metodológica como ética, ya que busca la no objetivación de quienes participan en la investigación, un hecho común en las perspectivas colonialistas en los estudios académicos. Esta investigación está ubicada en Porto Alegre pero se entiende que las rutas migratorias que influyen en vidas y trayectorias, entrelazan diferentes ciudades y estados de Brasil y del mundo, trascendiendo así el límite geográfico.