Investigação da associação entre as condições de cuidado e trabalho e o diagnóstico de depressão na população brasileira: ajuste de um modelo linear generalizado em dados amostrais complexos da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2019

Abstract

Este estudo investigou a prevalência de depressão em trabalhadores brasileiros e fatores ocupacionais e de cuidados associados. Foram utilizados dados da Pesquisa Nacional de Saúde 2019 (PNS) e a presença de depressão foi definida com base no Patient Health Questionnaire (PHQ-9) com ponto de corte >9. O modelo de Poisson com variância robusta foi aplicado para estimar as razões de prevalência (RP) e intervalos de confiança (IC95%). Os resultados indicaram que o trabalho informal aumenta as prevalências de depressão para homens em 35% (IC95% = 1,01 a 1,79) e mulheres 23% (IC95% = 1,04 a 1,47). A ausência a exposição ao ruído ocupacional é um fator associado a menor prevalência de depressão para homens (RP = 0,76; IC95% = 0.61-0.95) e para mulheres (RP = 0,66; IC95% = 0,56 a 0,77). Não trabalhar no turno da noite foi associado a menor prevalência de depressão nos homens (RP = 0,66; IC95% = 0,60-0,96), enquanto entre as mulheres o ausência de esforço físico intenso mostrou reduzir a prevalência da doença (RP = 0,72; IC95% = 0,62 a 0,83). No que diz respeito aos cuidados domésticos e pessoais, as mulheres que cuidavam de pessoas apresentaram maior prevalência de depressão em comparação às que se dedicavam a afazeres domésticos ou gestão do lar (RP = 0,84; IC95% = 0,74–0,96). Já entre os homens, aqueles que não realizam cuidados (com casa ou pessoas) têm maior prevalência de depressão em comparação aos que cuidam de pessoas (RP = 1,47; IC95% = 1,03–2,11).

This study investigated the prevalence of depression in Brazilian workers and associated occupational and care factors. Data from the 2019 National Health Survey (PNS) were used, and the presence of depression was defined based on the Patient Health Questionnaire (PHQ-9) with a cutoff point >9. The Poisson model with robust variance was applied to estimate prevalence ratios (PR) and confidence intervals (95% CI). The results indicated that informal work increases the prevalence of depression for men by 35% (95% CI = 1.01 to 1.79) and women by 23% (95% CI = 1.04 to 1.47). The absence of exposure to occupational noise is a factor associated with a lower prevalence of depression for men (PR = 0.76; 95% CI = 0.61-0.95) and for women (PR = 0.66; 95% CI = 0.56 to 0.77). Not working the night shift was associated with a lower prevalence of depression in men (PR = 0.66; 95% CI = 0.60–0.96), while among women, the absence of intense physical effort was shown to reduce the prevalence of the disease (PR = 0.72; 95% CI = 0.62–0.83). Regarding domestic and personal care, women who cared for people had a higher prevalence of depression compared to those who were dedicated to domestic chores or home management (PR = 0.84; 95% CI = 0.74–0.96). Among men, those who do not perform care (with the home or people) have a higher prevalence of depression compared to those who care for people (PR = 1.47; 95% CI = 1.03–2.11).