Além da superfície digital : desvendando as novas morfologias e contradições do trabalho plataformizado de assistentes sociais no Instagram

Abstract

Esta dissertação versa sobre a Plataformização do Trabalho no Serviço Social objetivando analisar as novas morfologias do trabalho e seus impactos na profissão, através do processo de plataformização do trabalho de assistentes sociais no Instagram, considerando o papel que as empresas digitais possuem nos processos de acumulação de capital. Para tanto, desenvolveu-se pesquisa fundamentada no método dialético crítico com enfoque qualitativo, tratando-se de pesquisa bibliográfica e de campo, de caráter exploratório. Constatou-se com a pesquisa bibliográfica que, até o momento, não existem publicações na área sobre a plataformização do trabalho de assistentes sociais, apenas o indicativo de que é uma tendência para a profissão. Dado que reforça a importância e ineditismo do tema. Na pesquisa de campo, realizou-se observação das atividades desenvolvidas por profissionais no Instagram, aprofundamento da investigação através da aplicação de questionário com as/os assistentes sociais e questionário com Conselhos Regionais de Serviço Social (CRESS) das regiões com maior incidência de profissionais desenvolvendo estas atividades. No que tange a observação das atividades desenvolvidas pelos profissionais, identificou-se como se autodefinem, que serviços e produtos oferecem, quais as principais atividades desenvolvidas, dentre outros dados relacionados ao público-alvo e data da criação das contas. Identificou-se uma ampla diversidade de autodescrições, com perfis prioritariamente empresariais, ofertando a produção de conteúdos em matéria de Serviço Social, produtos digitais de formação continuada, em diversas áreas, assessorias e consultorias, assim como também materiais para o desenvolvimento de trabalho autônomo na profissão. Após, realizou-se aplicação de um questionário semiestruturado para 50 profissionais que utilizam o Instagram como trabalho, com questões que investigam o perfil, formação e especificidades das atividades desenvolvidas nesta modalidade, caracterizando as relações e condições de trabalho associadas. Como resultados identificou-se um perfil profissional eminentemente feminino, de diferentes estados do Brasil, graduação presencial e que não possuem esta forma de trabalho como principal fonte de renda. Tendo como principais atividades a produção de conteúdos sobre a profissão, sobre o trabalho de assistentes sociais em políticas públicas, com destaque para o trabalho autônomo. Indicam a oferta de serviços de assessoria e consultoria, comercialização de conteúdos resumidos, questões para concursos, autodenominando-se enquanto profissionais autônomos, criadores de conteúdo, empreendedores e influenciadores digitais. Trata-se de uma emblemática realidade em expansão pois o crescente processo de plataformização do trabalho, inserção e dependência das plataformas digitais para execução do trabalho e sociabilidades, evidencia a aceleração das forças produtivas. Contexto de intensificação, exploração e desregulamentação do trabalho, agudizado pelo distanciamento social da pandemia COVID-19, somadas ao aumento do uso das Tecnologias da Informação e Comunicação, apresentando-se como tendência para o trabalho de assistentes sociais. Como resultados junto aos CRESS, evidencia-se que os Conselhos já têm identificado estas atividades desenvolvidas por assistentes sociais, porém não possuem subsídios para a realização de Orientação e Fiscalização, ressaltando a importância de estudos que possam contribuir para a compreensão desta realidade, evidenciando a necessidade de construção de parâmetros que orientem os profissionais e indiquem os limites éticos relacionados às atividades digitais desenvolvidas. Por fim, esta dissertação destaca a necessidade urgente de estudos que contribuam para uma compreensão mais profunda sobre a plataformização do trabalho no Serviço Social, especialmente diante da crescente dependência das plataformas digitais e das complexidades que surgem no contexto atual de intensificação, exploração e desregulamentação do trabalho, agravadas pela pandemia de COVID-19 e pelo aumento do uso de Tecnologias da Informação e Comunicação no Serviço Social.

This dissertation is about the Platformization of Work in Social Services, aiming to analyze the new morphologies of work and their impacts on the profession, through the process of platforming the work of social workers on Instagram, considering the role that digital companies have in the processes of accumulation of capital. To this end, research was developed based on the critical dialectical method with a qualitative focus, involving bibliographical and field research, of an exploratory nature. It was found through bibliographical research that, to date, there are no publications in the area on the platformization of the work of social workers, just an indication that it is a trend for the profession. This reinforces the importance and uniqueness of the topic. In the field research, we observed the activities carried out by professionals on Instagram, deepening the investigation through the application of a questionnaire with social workers and a questionnaire with Regional Social Service Councils (CRESS) in the regions with the highest incidence of professionals developing these activities. Regarding the observation of the activities carried out by professionals, it was identified how they define themselves, what services, and products they offer, what are the main activities carried out, among other data related to the target audience and date of creation of the accounts. A wide diversity of self-descriptions was identified, with primarily business profiles, offering the production of content in the field of Social Service, digital products for continuing education, in various areas, advice and consultancy, as well as materials for the development of self-employment in the profession. Afterwards, a semi-structured questionnaire was applied to 50 professionals who use Instagram for work, with questions that investigate the profile, training and specificities of the activities carried out in this modality, characterizing the relationships, and associated working conditions. As a result, an eminently female professional profile was identified, from different states in Brazil, with an in-person degree and who do not have this form of work as their main source of income. The main activities are the production of content about the profession, about the work of social workers in public policies, with emphasis on self-employment. They indicate the offering of advisory and consultancy services, marketing of summarized content, questions for competitions, calling themselves autonomous professionals, content creators, entrepreneurs, and digital influencers. This is an emblematic expanding reality as the growing process of platformization of work, insertion, and dependence on digital platforms for carrying out work and sociability, highlights the acceleration of productive forces. Context of intensification, exploitation, and deregulation of work, exacerbated by the social distancing of the COVID-19 pandemic, added to the increased use of Information and Communication Technologies, presenting itself as a trend for the work of social workers. As results with CRESS, it is evident that the Councils have already identified these activities carried out by social workers, but do not have subsidies for carrying out Guidance and Supervision, highlighting the importance of studies that can contribute to the understanding of this reality, highlighting the need to construct parameters that guide professionals and indicate the ethical limits related to the digital activities developed. Finally, this dissertation highlights the urgent need for studies that contribute to a deeper understanding of the platformization of work in Social Services, especially given the growing dependence on digital platforms and the complexities that arise in the current context of intensification, exploitation and deregulation of work, aggravated by the COVID-19 pandemic and the increased use of Information and Communication Technologies in Social Work.