Eu ainda sou a escrita na parede : monstruosidade e representações de negritude em O Mistério de Candyman (1992) e A Lenda de Candyman (2021)
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Data
2024Autor
Orientador
Nível acadêmico
Mestrado
Tipo
Assunto
Resumo
As vozes negras têm se tornado mais fortes e frequentes na ficção de horror em tela. Entretanto, a representação de personagens negras nos filmes de horror é historicamente problemática, com a negritude sendo geralmente relegada a papéis pequenos, coadjuvantes e figurações de personagens centradas na estereotipificação. O filme O Mistério de Candyman (1992), apesar de ter se tornado um clássico do gênero e ser um dos primeiros filmes protagonizados por um vilão preto, ainda carrega algumas impl ...
As vozes negras têm se tornado mais fortes e frequentes na ficção de horror em tela. Entretanto, a representação de personagens negras nos filmes de horror é historicamente problemática, com a negritude sendo geralmente relegada a papéis pequenos, coadjuvantes e figurações de personagens centradas na estereotipificação. O filme O Mistério de Candyman (1992), apesar de ter se tornado um clássico do gênero e ser um dos primeiros filmes protagonizados por um vilão preto, ainda carrega algumas implicações que deixam o público preto desconfortável com a representação do personagem. Anos mais tarde, A Lenda de Candyman (2021), uma continuação direta do primeiro filme, busca repaginar a imagem do homem dos doces e dar uma história mais digna e moderna para a nova versão do vilão negro. Esta dissertação tem como objetivo analisar a evolução significativa entre as duas narrativas, considerando que a primeira delas foi escrita, dirigida e produzida por um grupo majoritariamente branco, enquanto a segunda tem direção, roteiro e elenco totalmente negros. Os apontamentos de bell hooks (2019) e Robin Coleman (2019) servem como base para a análise sobre os diversos aspectos racistas na composição de obras por autores brancos e como os realizadores buscavam retratar os personagens negros. Com base em Grada Kilomba (2019) e Frantz Fanon (2008), sugere-se uma leitura possível sobre a análise do impacto psicológico desses longas-metragens na vivência de pessoas pretas, que têm assistido durante anos sua imagem distorcida nas telas. Também são importantes as contribuições de Maisha Wester (2012), pesquisadora negra e precursora no campo dos estudos do gótico, que discute como o gótico e sua estética têm ressignificado muitos tropos do gênero. O cinema de horror tem sido um instrumento cada vez mais frequente nos últimos anos para que a negritude expresse parte de suas vivências. Como a leitura aqui proposta evidenciará, A Lenda de Candyman é um filme que expõe abertamente a realidade negra em diversas perspectivas, se diferenciando de O Mistério de Candyman, que mostra uma caricatura engessada do homem negro. ...
Abstract
Black voices have become increasingly strong and frequent in horror fiction on screen. However, the representation of black characters in horror films has historically been problematic, with Blackness often relegated to minor roles, supporting characters, and stereotypical depictions. The film Candyman (1992), despite becoming a classic of the genre and being one of the first films featuring a Black villain in the lead, still carries implications that make Black audiences uncomfortable with the ...
Black voices have become increasingly strong and frequent in horror fiction on screen. However, the representation of black characters in horror films has historically been problematic, with Blackness often relegated to minor roles, supporting characters, and stereotypical depictions. The film Candyman (1992), despite becoming a classic of the genre and being one of the first films featuring a Black villain in the lead, still carries implications that make Black audiences uncomfortable with the character’s portrayal. Years later, Candyman (2021), a direct sequel to the original film, seeks to reimagine the "candy man" and provide a more dignified and contemporary story for the new version of the Black villain. This dissertation aims to analyze the significant evolution between the two narratives, considering that the first was written, directed, and produced by a predominantly white team, while the second boasts Black direction, scriptwriting, and cast. The observations of bell hooks (2019) and Robin Coleman (2019) serve as the foundation for analyzing the various racist aspects in works created by white authors and how they sought to depict Black characters. Based on Grada Kilomba (2019) and Frantz Fanon (2008), a possible interpretation emerges regarding the psychological impact of these films on Black audiences, who have witnessed distorted portrayals of their image on screen for years. The contributions of Maisha Wester (2012), a Black researcher and pioneer in the field of Gothic studies, are also essential, as she discusses how Gothic aesthetics have redefined many tropes of the genre. In recent years, horror cinema has increasingly become a tool for Black people to express aspects of their experiences. As the proposed analysis will highlight, Candyman (2021) presents a film that openly exposes Black realities from various perspectives, standing in contrast to Candyman (1992), which portrays a rigid caricature of Black men. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Letras. Programa de Pós-Graduação em Letras.
Coleções
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Linguística, Letras e Artes (2964)Letras (1821)
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