Efeito do uso contínuo e pós-cirúrgico da solução de clorexidina na microbiota bucal de pacientes submetidos a múltiplas exodontias : resultados preliminares

Abstract

A clorexidina ocupa um papel de destaque dentre os antissépticos de controle químico na odontologia. No entanto, estudos têm constatado a resistência ou redução considerável da susceptibilidade à solução em diferentes concentrações. O presente estudo avaliou o efeito do uso contínuo da solução de clorexidina 0,12% na microbiota bucal de pacientes submetidos a múltiplas exodontias consecutivas. Os participantes do estudo realizaram coletas de saliva em diferentes períodos de tempo (0, 7, 14 e 21 dias) e os níveis salivares de microrganismos foram comparados entre si. Ao analisar os resultados de microrganismos totais, não foi observada nenhuma diferença nos níveis salivares após tratamento contínuo com a solução de digluconato de clorexidina durante os 21 dias. Já os níveis salivares de estreptococos do grupo mutans reduziram em 7 dias de uso, não obtendo alterações posteriores. Para lactobacilos, foi observado um aumento na média dos níveis salivares em 7 dias de uso da solução, o que caracteriza diminuição de susceptibilidade dos microrganismos em questão. Ainda, para Candida albicans pode-se concluir que não houve alterações nos níveis salivares da levedura na saliva de pacientes que utilizaram o antisséptico de forma contínua. Com relação ao Staphylococcus aureus, podemos concluir que houve uma diminuição nos níveis salivares do microrganismo apenas no período de 7 dias de uso. Por fim, pode-se afirmar que o uso contínuo da solução de clorexidina causou modificações na microbiota normal da cavidade bucal e que os microrganismos avaliados responderam de forma distinta ao antisséptico de digluconato de clorexidina 0,12%, demonstrando diferença na susceptibilidade à solução. Por isso, os reflexos microbiológicos da solução de digluconato de clorexidina 0,12% devem ser melhor avaliados e levados em consideração durante a prescrição do antisséptico pelo cirurgião-dentista.

Chlorhexidine plays a prominent role among chemically controlled antiseptics in dentistry. However, studies show that several authors find resistance or considerable reduction of susceptibility to the solution at different concentrations. The present study evaluated the effect of continuous use of 0.12% chlorhexidine solution on the oral microbiota of patients undergoing multiple consecutive extractions. Study participants performed saliva collections at different time periods (0, 7, 14 and 21 days) and salivary levels of microorganisms were compared among themselves. When analyzing the results of total microorganisms, no difference was observed in salivary levels after continuous treatment with chlorhexidine digluconate solution during the 21 days. Salivary levels of mutans streptococci decreased after 7 days of use, with no subsequent changes. However, for Lactobacillus sp., an increase in mean salivary levels was observed after 7 days of using the solution, which characterizes a decrease in the susceptibility of the microorganism in question. Furthermore, for Candida albicans, it can be concluded that there were no changes in the salivary levels of yeast in the saliva of patients who used the antiseptic continuously. Regarding the Staphylococcus aureus count, we can conclude that there was a decrease in the levels of the microorganism only in the period of 7 days of use. Finally, it can be stated that the continuous use of chlorhexidine solution caused changes in the normal microbiota of the oral cavity and that the evaluated microorganisms responded differently to the antiseptic chlorhexidine digluconate 0.12%, demonstrating a difference in susceptibility to the solution. Therefore, the microbiological effects of the 0.12% chlorhexidine digluconate solution should be better evaluated and taken into account when prescribing the antiseptic by the dentist.