Quantitative easing nos Estados Unidos : uma análise comparativa entre a crise de 2008 e a Pandemia de 2020

Abstract

A partir da crise financeira de 2007-2008, os Estados Unidos, por meio do Federal Reserve (FED), encontrou-se em um cenário limitante no que tange à política monetária, após o esgotamento das medidas convencionalmente utilizadas. Esse contexto, somado ao empenho em desempenhar um papel anticíclico, levou o Fed - sob a liderança do chairman Ben Bernanke - a introduzir na economia norte-americana um pacote de políticas monetárias não convencionais, com a estratégia de reduzir os efeitos recessivos da crise, conhecido como, o Quantitative Easing (QE). Tal política esteve presente no mercado financeiro com intervenção do Fed de 2008 até 2014. Diante da crise sanitária da COVID-19, o Federal Reserve, agora com maior domínio dessa ferramenta monetária, utilizou-se de um arcabouço semelhante para mitigar os impactos catastróficos do lockdown na economia norte-americana. Este trabalho, por meio de uma revisão sistemática da literatura bibliográfica existente, pretende analisar a aplicação dessa política em ambas as crises mencionadas, compreendendo seus diferentes objetivos, formatos e velocidades de implementação. Além disso, explora os mecanismos de transmissão e a efetividade dessas políticas em relação aos seus objetivos declarados, comparando ainda seus impactos em cada contexto. O estudo inclui também uma discussão sobre a influência da moeda na economia real a partir da teoria monetária, frente ao pensamento de Keynes, bem como uma análise da aplicabilidade dessa política monetária por outros países com diferentes hierarquias monetárias. Diversas abordagens metodológicas foram analisadas e, embora não haja um consenso amplo sobre os resultados em ambos os momentos, as evidências sugerem que o Quantitative Easing cumpriu um papel anticíclico durante as crises.

Since the 2007-2008 financial crisis, the United States, through the Federal Reserve, has found itself in a limiting scenario regarding monetary policy, after the exhaustion of conventionally used measures. This context, combined with the commitment to play a countercyclical role, led the Fed - under the leadership of Chairman Ben Bernanke - to introduce a package of unconventional monetary policies into the US economy, with the strategy of reducing the recessive effects of the crisis: the policy in question, Quantitative Easing (QE). This policy was present in the financial market with intervention by the Fed from 2008 to 2014. In the face of the COVID-19 health crisis, the Federal Reserve, now with greater control of this monetary tool, used a similar framework to mitigate the catastrophic impacts of the lockdown on the US economy. This paper, through a systematic review of the existing literature, aims to analyze the application of this policy in both crises mentioned, understanding its different objectives, formats and speeds of implementation. In addition, it explores the transmission mechanisms and the effectiveness of these policies in relation to their stated objectives, also comparing their impacts in each context. The study also includes a discussion on the influence of money on the real economy from the perspective of monetary theory, in comparison with Keynes' thinking, as well as an analysis of the applicability of this monetary policy by other countries with different monetary hierarchies. Various methodological approaches were analyzed and, although there is no broad consensus on the results in both moments, the evidence suggests that Quantitative Easing played a countercyclical role during the crises.