Família, escola e aprendizagem

Abstract

Este trabalho propõe a reflexão sobre a relação que se estabelece entre família-criança-escola, a relação transferencial implicada neste processo, e como isso acaba por interferir na aprendizagem, acarretando o fracasso ou sucesso escolar. Ele tem, como cenário de investigação, a experiência vivida no período do Estágio Curricular Obrigatório do Curso de Pedagogia (primeiro semestre de 2010), desenvolvido numa Turma de 5º Ano, que ratificou a necessidade de aprofundar as análises sobre as relações família-aprendizagem-escola uma vez que elas vêm sendo discutidas há décadas devido à preocupação com a responsabilidade da família no processo da aprendizagem. O principal objetivo deste trabalho é contribuir com a polêmica que esse assunto causa, refletindo sobre os diferentes conceitos e significados da família nos dias de hoje, sua função social e os modelos que foram e são apresentados, modelos que sofreram mudanças no decorrer da história e que passaram a ser fundamentais para o crescimento do educando e para seu desenvolvimento moral, intelectual e sua formação como sujeito. As questões de pesquisa estão diretamente relacionadas com este objetivo e são assim expressas: quais são as funções desempenhadas pela escola hoje? Quais são as demandas construídas pelos alunos? Que papéis os pais desempenham na história de construção de conhecimento de seus filhos? A investigação se desenvolveu por meio de observações participantes do comportamento dos alunos dentro do ambiente escolar e dos familiares quando estes compareciam na escola, de relatos nos quais o aluno ou familiar respondia questões pessoais sobre diferentes assuntos e, também, de conversas informais nas quais o aluno relatava fatos acontecidos no ambiente familiar. Trata-se de um Estudo de Caso de caráter quanti-qualitativo para o qual também foram fundamentais as entrevistas semi-estruturadas propostas aos familiares dos alunos. O referencial teórico se baseia em Alícia Fernandez, Pierre Weil, Fabiani Portellla e Ingrid Franceschini, Paulo Freire e Philippe Àries. Através das leituras, compreende-se o quanto o meio interfere na vida do ser humano e como a sociedade sofreu mudanças, alterando seus valores. Conclui-se, após as análises produzidas, que a família tem um papel fundamental na vida dos sujeitos e que a criança, geralmente, dá indícios, na escola, do que está acontecendo no interior do seu lar, da sua vida. Os filhos precisam muito dos pais ou responsáveis e a família, por sua vez, precisa estar e se fazer presente, sem delegar a outros suas funções, principalmente a educacional. A família é primordial para o desenvolvimento do sujeito, independentemente de sua estrutura, porque o indivíduo tem seus primeiros contatos com o mundo externo no meio familiar, incorporando linguagem, valores e hábitos. Aprender através do outro e de suas experiências permitirá à criança internalizar sentimentos, afetos, informações e conhecimento. Assim, esta convivência familiar, quando saudável, é fundamental para que a criança se insira nos diferentes meios de que fará parte, em particular no meio escolar. Por isso, é necessário que a escola considere seus alunos como um todo, buscando compreendê-los, entendendo que eles estão inseridos em diferentes contextos, o que os faz heterogêneos, trazem consigo uma história de vida e de relações familiares que precisa ser conhecida e respeitada.