A organização do reparo iniciado e levado a cabo pelo outro na conversa cotidiana e na sala de aula tradicional em português brasileiro
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Data
2003Orientador
Nível acadêmico
Mestrado
Tipo
Resumo
Os estudos seminais em Análise da Conversa são originários e estão amplamente difundidos nos Estados Unidos e, assim, grande parte de suas asserções está baseada em estudos feitos com anglo-americanos, mas as descrições da organização do sistema de troca de turnos e do reparo têm a pretensão de serem universais. Então, neste trabalho, analiso ocorrências de uma das trajetórias de reparo – o reparo iniciado e levado a cabo pelo outro – com dados de fala-em-interação em português brasileiro, para ...
Os estudos seminais em Análise da Conversa são originários e estão amplamente difundidos nos Estados Unidos e, assim, grande parte de suas asserções está baseada em estudos feitos com anglo-americanos, mas as descrições da organização do sistema de troca de turnos e do reparo têm a pretensão de serem universais. Então, neste trabalho, analiso ocorrências de uma das trajetórias de reparo – o reparo iniciado e levado a cabo pelo outro – com dados de fala-em-interação em português brasileiro, para verificar se o sistema opera da mesma forma que nos trabalhos seminais. Dentre as trajetórias de reparo, o reparo iniciado e levado a cabo pelo outro – fenômeno muito próximo da correção – é o mais despreferido e, conseqüentemente, mais raro na conversa cotidiana. Isso se dá porque o reparo geralmente se presta para garantir o estabelecimento da compreensão mútua entre os participantes, mas, no caso dessa trajetória, ele é dificilmente justificável nesse sentido, e serve, muitas vezes, como um exercício de controle social sobre o outro. Contudo, essa noção de preferência do reparo dá conta apenas de dados em conversa cotidiana. Na sala de aula tradicional, por exemplo, um ambiente institucional, há uma diferença de status de conhecimento entre os interagentes, as relações são assimétricas, e não se configura a despreferência deste tipo de reparo, pois a correção faz parte do modus operandi desse ambiente. Tendo confirmado a adequação da descrição do sistema de reparo às ocorrências de reparo iniciado e levado a cabo pelo outro em dados de conversa cotidiana em português brasileiro, o estudo concentra a sua análise na descrição da ocorrência do fenômeno em sala de aula, e discute as possíveis implicações político-pedagógicas relacionadas a essa prática tão comum nesse ambiente, mas tão despreferida na conversa cotidiana. ...
Abstract
The seminal studies in Conversation Analysis were first carried out and are widely known in the United States. Even though most of their assertions is based on interactions featuring speakers of American English, their description of the organization of turn-taking and repair in conversation claim to be universal. This work analyzes occurrences of one repair trajectory – other-initiated other-repair – in Brazilian Portuguese talk-in-interaction data, to verify if the system of repair operates a ...
The seminal studies in Conversation Analysis were first carried out and are widely known in the United States. Even though most of their assertions is based on interactions featuring speakers of American English, their description of the organization of turn-taking and repair in conversation claim to be universal. This work analyzes occurrences of one repair trajectory – other-initiated other-repair – in Brazilian Portuguese talk-in-interaction data, to verify if the system of repair operates as described in the classical conversation-analytic literature. Among all repair trajectories, other-initiated other-repair – a phenomenon very close to correcting – is the most dispreferred and, consequently, the least common type of reapir in ordinary conversation. This happens because repair usually lends itself to guaranteeing intersubjectivity among conversationalists, but, in the case of this trajectory, it is hardly accountable in that sense, and it serves, many times, as an exercise of social control of the other. However, this preference for self-repair holds for ordinary conversation. In tarditional classrooms, for instance, an institutional environment, there is a difference of knowledge status among the interactants, their relationships being asymmetrical, and other-initiated other-repair is far less uncommon, since teacher-correction is part of the modus operandi in this environment. Having confirmed the adequacy of the classic conversation-analytic description as far as other-initiated other-repair is concerned, this study concentrates its analysis in the description of the phenomenon occurrence in classroom, and it discusses the possible political-pedagogic implications related to that so common practice in this environment, but so desprefered in ordinary conversation. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Letras. Programa de Pós-Graduação em Letras.
Coleções
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Linguística, Letras e Artes (2867)Letras (1765)
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