Associação do consumo alimentar e a eficácia de antidepressivo inibidor da recaptação da serotonina em pacientes com transtorno de ansiedade generalizada : estudo preliminar

Abstract

Introdução: De acordo com último relatório da OMS, há um aumento preocupante nos índices de ansiedade no mundo, sendo o Brasil, o país líder em casos deste transtorno. Considerada uma reação normal diante de situações vistas como ameaças, a ansiedade faz parte do cotidiano. O que torna esse sentimento um transtorno é a intensidade e frequência com que a resposta acontece, incapacitando o indivíduo e prejudicando sua vida como um todo. Os Transtornos de Ansiedade (TA) podem ser divididos em grupos, diferenciado pelo exame dos tipos de situações enfrentadas. Dentre todos, destaca-se o Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) que é um dos mais comuns na atenção primária e está associado a uma alta morbidade e a utilização de recursos de saúde. Um dos possíveis recursos para tratamentos é o uso de psicofármacos. Segundo as Diretrizes Brasileiras para o tratamento do Transtorno de Ansiedade, os Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina são a primeira escolha, fármacos também utilizados para Depressão. Nas últimas décadas, achados demonstraram que a ingestão de alguns nutrientes apresentaria influência sobre o humor e que, especificamente, a ingestão de Triptofano (TRF) teria impacto na alteração tanto sintomas depressivos quanto a resposta aos antidepressivos no tratamento da depressão. Porém, ainda não foram estudadas estas variáveis associadas ao TA, o que torna relevante o presente estudo. A partir disso, o objetivo deste trabalho é investigar o potencial efeito da associação do consumo alimentar, especialmente o consumo de TRF, e o tratamento farmacológico sobre os sintomas ansiosos em pacientes com TAG. Materiais e Métodos: Para tanto, foram selecionados 21 pacientes com idade ≥18 anos, que apresentavam diagnóstico de transtorno de ansiedade generalizada que foram submetidos ao tratamento com fluoxetina por 8 semanas, num estudo anterior. Nesta amostra, a ingestão dietética do ano anterior e o escore de sintomas ansiosos foram avaliados pelos instrumentos Questionário de Frequência Alimentar (QFA) e Escala de Ansiedade de Hamilton (HAM-A) respectivamente. Resultados: Do total de pacientes do estudo, somente 4 não responderam ao tratamento com fluoxetina. Os resultados obtidos mostraram diferença significativa na diminuição da Escala HAM-A de pós-tratamento nos pacientes responsivos (p =0,001), em média de 15,24 ± 9,74 pontos. Apesar disso, não houve diferença entre o consumo de TRF e de aminoácidos de cadeia lateral ramificada, leucina, valina e isoleucina, entre os participantes. Foi observada uma maior razão entre o consumo de carboidratos em relação ao de TRF, naqueles que responderam ao tratamento com fluoxetina (Fig. 9, p=0,004). Conclusão: Embora com as limitações do estudo, como o número de participantes e ser predominantemente do gênero feminino, podemos sugerir que não foram encontradas diferenças no consumo de carboidratos, lipídios, TRF e aminoácidos de cadeia lateral ramificada, contudo as proporções de consumo aumentado de carboidratos parecem influenciar a resposta à fluoxetina em pacientes com diagnóstico de ansiedade.

Introduction: According to the latest report by the WHO, there is a worrying increase in anxiety rates in the world, Brazil being the leading country in cases of this disorder. Considered a normal reaction to situations seen as threats, anxiety is part of daily life. What makes this feeling a disorder is the intensity and frequency with which the response happens, incapacitating the individual and damaging his or her life as a whole. Anxiety Disorders (AT) can be divided into groups, differentiated by examining the types of situations faced. Among all of them, we highlight the Generalized Anxiety Disorder (GAD), which is one of the most common in primary care and is associated with high morbidity and the use of health resources. One of the possible resources for treatments is the use of psychotropic drugs. According to the Brazilian Guidelines for the Treatment of Anxiety Disorder, Selective Serotonin Reuptake Inhibitors are the first choice, drugs also used for Depression. In the last decades, findings have shown that the ingestion of some nutrients would have an influence on mood and that, specifically, the ingestion of Tryphophan (TRP) would have an impact on the change in both depressive symptoms and the response to antidepressants in the treatment of depression. However, these variables associated with Anxiety Disorder have not been studied, which makes the present study relevant. From this, the objective of this work is to investigate the potential effect of the association of the food consumption, especially the consumption of Tryptophan, and the pharmacological treatment on the anxious symptoms in patients with Generalized Anxiety Disorder. Methods: Twenty-one patients, 18 years of age and older, who were diagnosed with generalized anxiety disorder, were treated with the drug fluoxetine for 8 weeks, in an earlier study. In this sample, the previous year’s dietary intake and the anxious symptoms score were evaluated by the Food Frequency Questionnaire (FFQ) and Hamilton Anxiety Scale (HAM-A) instruments, respectively. Results: Of the total study patients, only 4 did not respond to treatment with fluoxetine. The results obtained showed a significant difference in the reduction of the post-treatment HAM-M Scale in the responsive patients (p = 0.001), in an average of 15.24 ± 9,74 points. Despite this, there was no difference between the consumption of TRF and branched-chain amino acids, leucine, valine and isoleucine among participants. A higher ratio of carbohydrate intake to TRF was observed in those responding to fluoxetine treatment (Figure 9, p = 0.004). Conclusion: Although with the limitations of the study, such as the number of participants and being predominantly female, we can suggest that no differences were found in the consumption of carbohydrates, lipids, TRF and branched-chain amino acids, but the proportions of increased carbohydrates consumption appear to influence the response to fluoxetine in patients diagnosed with anxiety.