Comparação do consumo de alimentos marcadores de proteção e de risco para doenças crônicas durante a gravidez e o período pós-parto em mulheres que tiveram diabetes mellitus gestacional

Abstract

A maior proporção de mulheres obesas em idade fértil acarreta maior risco de gestações complicadas pelo diabetes mellitus gestacional (DMG). Mudança de estilo de vida é essencial para prevenir o diabetes mellitus tipo 2 (DM2). É importante que essas mulheres estejam atentas para maior consumo de alimentos protetores, bem como diminuição de alimentos marcadores de risco para doenças crônicas. Ainda são escassas as evidências que caracterizem o consumo alimentar nessa população de alto risco. Este estudo tem como objetivo comparar o consumo de alimentos marcadores de proteção e de risco para doenças crônicas durante a gravidez e o período pós-parto em mulheres que tiveram DMG. Trata-se de um estudo de coorte. A população consistiu de 799 mulheres de Porto Alegre (RS), Pelotas (RS) e Fortaleza (CE), pertencentes ao estudo Lifestyle Intervention for Diabetes Prevention After Pregnancy (LINDA-Brasil). Foram incluídas no estudo gestantes maiores de 18 anos, sem diabetes prévio à gravidez e com idade gestacional ≥28 semanas. Foram coletadas variáveis demográficas, clínicas, nutricionais e aplicado um questionário de frequência de consumo adaptado do VIGITEL e do SISVAN. Observou-se nítida redução dos hábitos saudáveis entre a gravidez e o período pós-parto. O consumo de salada crua 5 a 7x/semana reduziu em 27% (de 57,6% na gravidez para 42,2% após o parto), o consumo de verduras e legumes cozidos 5 a 7x/semana reduziu de 24% para 14,9%, o consumo de frutas ou salada de frutas 5 a 7x/semana de 69% para 39,8%, o consumo de leite ou iogurte integral 5 a 7x semana de 38,9% para apenas 3,1% e o consumo de leite semi- ou desnatado de 32,8% para 2,2%. Para alimentos marcadores de risco, observou-se que o refrigerante possuía menor consumo durante a gestação e aumentou sua frequência no pós-parto. A idade, escolaridade e renda foram as principais variáveis associadas ao consumo de frutas e refrigerantes na gestação e no pós-parto. As gestantes com DMG demonstraram uma piora na alimentação no pós-parto em relação ao período da gestação. Neste período possivelmente estas mulheres não estarão mais em acompanhamento nutricional, evidenciando que é necessário atenção para essas mulheres após o nascimento do bebê.

The higher proportion of obese women of childbearing age increases the risk of pregnancies complicated by gestational diabetes mellitus (GDM). Lifestyle change is an essential factor for the onset of type 2 diabetes mellitus (DM2). It is important for these women to be aware of the consumption of high-risk foods and the importance of food for the risk of chronic diseases. There is scarce literature that characterizes food consumption in this high-risk population. The objective of this study was to compare high and low risk food consumption for chronic diseases during pregnancy and the postpartum period in women who had GDM. It was a cohort study. The population was composed by 799 women from Porto Alegre (RS), Pelotas (RS) and Fortaleza (CE), belonging to the study Lifestyle Intervention for Prevention of Diabetes After Pregnancy (LINDA-Brazil). Participants who had more than 18 years, without pre-pregnancy diabetes and gestational age ≥28 weeks were included in the study. Demographic, clinical and nutritional variables were collected on a food frequency questionnaire adapted from VIGITEL and SISVAN. We found a reduction in healthy food practices between pregnancy and the postpartum period. Consumption of raw salad 5 to 7x/week decreased by 27% (from 57.6% in pregnancy to 42.2% after calving), consumption of cooked vegetables and vegetables 5 to 7x / week decreased from 24% to 14,9%, consumption of fruit or fruit salad 5 to 7x / week from 69% to 39.8%, consumption of whole milk or yogurt 5 week week 7 from 38.9% to only 3.1% and the consumption of skimmed milk from 32.8% to 2.2%. We found more consumption of sodas after pregnancy. Age, schooling and income were considered to be the main determinants for the consumption of fruits and soft drinks during pregnancy and postpartum. Pregnant women with DMG showed worsening of postpartum food practices in relation to the period of gestation. It is possible that women interrupt nutritional care attention after birth, showing that it is necessary to follow these women after the baby is born.