Ciência é pensar: ‘e se…?’ : representações sociais e constituição de sujeitos na iniciação científica no ensino médio

Abstract

As implicações da iniciação científica no ensino básico sobre representações sociais e a constituição dos jovens cientistas enquanto sujeitos são o foco deste estudo. A pesquisa pauta as representações sociais de jovens cientistas sobre ciência, cientista e jovem cientista. Essa temática foi investigada a partir de histórias marcantes de jovens sobre a vivência com iniciação científica na escola. Foi adotada uma estratégia metodológica etnográfica, envolvendo a Etnografia da Duração e a Etnografia Multissituada, e realizada a interlocução com 14 jovens que experienciaram a iniciação científica em diferentes contextos, por meio de um questionário e uma entrevista. O material de análise, composto pelos relatos e por uma fotografia representativa, foi submetido à análise textual discursiva e discutido à luz do referencial da Teoria das Representações Sociais, em Denise Jodelet, da epistemologia Bachelardiana e de contribuições Marxianas e Gramscianas. As histórias marcantes relatadas passam por experiências em que os jovens e as jovens cientistas encontram caminhos, vivenciam um processo ao qual se atribui significados e sentem-se validados e potentes. Foi possível conhecer as representações sociais dos interlocutores a respeito de ciência, cientista e jovem cientista, bem como caracterizar algumas de suas condições de produção. Ao discutir as implicações dessas representações, caracterizamos frustrações e dificuldades existentes, influências exercidas por conhecimentos e relações sociais, e também reflexos em críticas, visões de mundo, percepções de si, quem o jovem cientista passa a ser e quais perspectivas vislumbra. As considerações tecidas neste trabalho direcionam para o aprofundamento de estudos sobre a pesquisa enquanto princípio pedagógico e sobre a singularidade da experiência de quem a vivencia.

The implications of scientific initiation in basic education on social representations and the constitution of young scientists as subjects are the focus of this study. The research explores the social representations of young scientists about science, scientist and young scientist. This theme was investigated from remarkable stories of young people about their experience with scientific initiation at school. An ethnographic methodological strategy was adopted, involving Duration Ethnography and Multisituated Ethnography, and dialogue was carried out with 14 young people who experienced scientific initiation in different contexts, through a questionnaire and an interview. The material of analysis, composed of the reports and a representative photograph, was submitted to discursive textual analysis and discussed with the referential of the Theory of Social Representations (especially Denise Jodelet), of Bachelardian epistemology and of Marxian and Gramscian contributions. The remarkable stories reported go through experiences in which young scientists find paths, experience a process to which meanings are attributed and feel validated and potent. It was possible to know the social representations of the interlocutors regarding science, scientist and young scientist, as well as to characterize some of their production conditions. When discussing the implications of these representations, we characterize existing frustrations and difficulties, influences of knowledge and social relationships, as well as reflections on criticism, world views, self-perceptions, who the young scientist becomes and what perspectives their envisions. The considerations made in this work lead to the deepening of studies on research as a pedagogical principle and on the uniqueness of the experience of those who live it.