Mecânica respiratória dos pacientes com bronquiolite viral aguda submetidos à ventilação mecânica

Abstract

Introdução: A bronquiolite viral aguda (BVA) é uma infecção pulmonar comum em bebês menores de 2 anos, causada principalmente pelo vírus sincicial respiratório (VSR). A doença leva à obstrução das vias aéreas inferiores, podendo levar à insuficiência respiratória grave em alguns casos. Bebês com quadros graves necessitam de internação em UTIP e ventilação mecânica (VM). A monitorização da mecânica respiratória é essencial para otimizar o manejo da doença, mas ainda há falta de diretrizes clínicas padronizadas, tornando a pesquisa contínua fundamental para melhorar os desfechos e reduzir o tempo de internação. Objetivo: Avaliar as medidas de mecânica pulmonar coletadas na fase aguda e na fase de desmame em pacientes pediátricos submetidos à ventilação mecânica por bronquiolite viral aguda no ano de 2024 Metodologia: Este estudo observacional analisou crianças de até 24 meses internadas na UTIP com BVA e ventilação mecânica, avaliando medidas de mecânica pulmonar na fase aguda e de desmame. Dados foram extraídos dos prontuários e analisados, excluindo pacientes com cardiopatias congênitas ou escape aéreo excessivo (>15% do volume corrente) ao redor do tubo traqueal. As variáveis contínuas foram expressas por média e desvio-padrão e analisadas por teste t de Student ou teste de Wilcoxon, conforme a distribuição da amostra. Resultados: Foram analisadas medidas de mecânica respiratória em 9 pacientes com BVA submetidos à ventilação mecânica, com média de idade de 3,2 meses e peso de 5,7 kg. A internação durou em média 15,8 dias, sendo 8,9 dias em UTIP e 6,9 dias em VM. O VSR foi detectado em 77,7% dos casos, e não houve falha de extubação ou óbito. Na fase aguda, observou-se alta resistência respiratória e redução da complacência estática, com melhora significativa na fase de desmame, incluindo redução de 23% na resistência inspiratória e aumento >60% na complacência. Considerações: Em bebês com BVA submetidos à VM, observa-se aumento da resistência respiratória e redução da complacência pulmonar, impactando a necessidade de parâmetros ventilatórios mais agressivos. O estudo demonstrou que a melhora clínica e a extubação bem-sucedida foram associadas a uma redução na resistência e uma melhora na complacência. O monitoramento contínuo da mecânica respiratória é essencial para otimizar a ventilação e definir o momento ideal para desmame. Idealmente, ventiladores com monitoramento contínuo poderiam aprimorar a personalização do manejo respiratório, melhorando os desfechos clínicos.

Introduction: Acute viral bronchiolitis (AVB) is a common lung infection in infants under 2 years old, primarily caused by the respiratory syncytial virus (RSV). The disease leads to obstruction of the lower airways, potentially resulting in severe respiratory failure in some cases. Infants with severe cases require admission to a pediatric intensive care unit (PICU) and mechanical ventilation (MV). Monitoring respiratory mechanics is essential to optimize disease management, but there is still a lack of standardized clinical guidelines, making continuous research crucial for improving outcomes and reducing hospital stay duration. Objective: To evaluate pulmonary mechanics measurements collected during the acute phase and the weaning phase in pediatric patients undergoing mechanical ventilation due to acute viral bronchiolitis in 2024. Methodology: This observational study analyzed children up to 24 months old admitted to the PICU with AVB and mechanical ventilation, assessing pulmonary mechanics during the acute and weaning phases. Data were extracted from medical records and analyzed, excluding patients with congenital heart disease or excessive air leakage. Continuous variables were expressed as mean and standard deviation and analyzed using Student's t-test or the Wilcoxon test, depending on sample distribution. Results: Respiratory mechanics measurements were analyzed in 9 patients with AVB who underwent mechanical ventilation, with a mean age of 3.2 months and a mean weight of 5.7 kg. The average hospital stay was 15.8 days, with 8.9 days in the PICU and 6.9 days on mechanical ventilation. RSV was detected in 77.7% of cases, and there were no extubation failures or deaths. During the acute phase, high respiratory resistance and reduced static compliance were observed, with significant improvement during the weaning phase, including a 23% reduction in inspiratory resistance and an increase of over 60% in compliance. Considerations: In infants with AVB undergoing MV, increased respiratory resistance and reduced pulmonary compliance were observed, impacting the need for more aggressive ventilatory parameters. The study demonstrated that clinical improvement and successful extubation were associated with a reduction in resistance and an improvement in compliance. Continuous monitoring of respiratory mechanics is essential to optimize ventilation and determine the ideal timing for weaning. In the future, ventilators with continuous monitoring capabilities could enhance personalized respiratory management, improving clinical outcomes.