Avaliação do consumo de alimentos ultraprocessados em pacientes pós-transplante renal
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Data
2021Orientador
Co-orientador
Nível acadêmico
Graduação
Assunto
Resumo
O transplante renal aumenta a sobrevida e melhora a qualidade de vida de pacientes com doença renal crônica em estágio terminal. Em contrapartida, os receptores do transplante podem desenvolver disfunções metabólicas, que incluem diabetes mellitus pós-transplante e dislipidemia. O risco dessas futuras complicações associadas ao enxerto pode ser reduzido através de uma alimentação adequada. Relativamente à qualidade da dieta, um maior consumo de alimentos ultraprocessados tem sido associado a de ...
O transplante renal aumenta a sobrevida e melhora a qualidade de vida de pacientes com doença renal crônica em estágio terminal. Em contrapartida, os receptores do transplante podem desenvolver disfunções metabólicas, que incluem diabetes mellitus pós-transplante e dislipidemia. O risco dessas futuras complicações associadas ao enxerto pode ser reduzido através de uma alimentação adequada. Relativamente à qualidade da dieta, um maior consumo de alimentos ultraprocessados tem sido associado a desfechos clínicos negativos, como doenças cardiovasculares e mortalidade na população em geral, mas ainda não foi avaliado em pacientes pós-transplante renal. Objetivo: Avaliar o consumo de alimentos ultraprocessados e a correlação com desfechos clínicos e antropométricos em pacientes transplantados renais. Metodologia: Estudo transversal que teve como base uma pesquisa prévia realizada no Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Foram incluídos 96 receptores de transplante renal, que foram divididos em dois grupos: pós-transplante imediato (n=71) e pós-transplante tardio (n=25). Todos os dados desse estudo foram coletados previamente por meio de entrevista e/ou prontuário eletrônico, agrupados em um banco de dados. Foram avaliados dados sociodemográficos, antropométricos e exames laboratoriais. A avaliação antropométrica foi composta por circunferência da cintura, altura e bioimpedância elétrica tetrapolar, a qual forneceu peso e composição corporal. O consumo alimentar foi investigado através de um único questionário de frequência alimentar, realizado 2 meses após o transplante no grupo pós-transplante imediato e 14 meses após o transplante no grupo pós-transplante tardio. A fim de comparar os grupos, foram utilizados o teste T de student e o teste Mann-Whitney para variáveis quantitativas, enquanto o teste Qui-Quadrado foi utilizado para variáveis categóricas. A correlação entre variáveis foi avaliada por correlação de Spearman. O intervalo de confiança determinado foi de 95%. Resultados: A média de idade dos pacientes foi 49,92 ± 92 anos e a principal doença de base foi Hipertensão Arterial Sistêmica, presente em 22,91% dos participantes. Quando separamos a amostra em pós-transplante imediato e pós-transplante tardio, todos os dados basais foram semelhantes entre os grupos. A energia total diária foi de 2177,03 (1476,05-2834,86) kcal na amostra total. Já o consumo diário de alimentos ultraprocessados foi de 649,46 (420,05-1061,72) kcal, o que correspondeu a 34,05 ± 12,11% da ingestão calórica total em um dia. Quando comparados os grupos, o valor energético total foi superior no pós-transplante imediato (p=0,002), mas o consumo de ultraprocessados foi semelhante entre ambos. O consumo de ultraprocessados esteve associado ao aumento de carboidratos totais, amido, sódio, lipídeos totais, trans e poli-insaturados e à diminuição de proteínas na dieta. O percentual de gordura corporal no pós-transplante imediato e a massa gorda no pós-transplante tardio se correlacionaram positivamente com o consumo de ultraprocessados, enquanto os lipídeos poli-insaturados apresentaram correlação positiva com essas duas variáveis apenas no pós-transplante imediato. A glicemia teve correlação positiva com o consumo de sódio de ultraprocessados e correlação negativa com lipídeos saturados provenientes de ultraprocessados. Conclusão: O consumo de alimentos ultraprocessados em pacientes transplantados renais é superior à média nacional. Esses alimentos são compostos majoritariamente por lipídeos e por carboidratos e estão associados a uma pior qualidade da dieta no pós-transplante renal. Por fim, um maior consumo de sódio proveniente de ultraprocessados está associado com pior composição corporal nos períodos pós-transplante imediato e tardio. ...
Abstract
Kidney transplantation improves survival and ameliorates quality of life in patients living with end-stage chronic kidney disease. In contrast, transplant recipients can develop metabolic disorders, which include post-transplant diabetes mellitus and dyslipidemia. The risk of these future complications associated with the graft can be reduced through adequate nutrition. Regarding the quality of the diet, a higher consumption of ultra-processed foods has been associated with negative clinical ou ...
Kidney transplantation improves survival and ameliorates quality of life in patients living with end-stage chronic kidney disease. In contrast, transplant recipients can develop metabolic disorders, which include post-transplant diabetes mellitus and dyslipidemia. The risk of these future complications associated with the graft can be reduced through adequate nutrition. Regarding the quality of the diet, a higher consumption of ultra-processed foods has been associated with negative clinical outcomes, such as cardiovascular disease and mortality in the general population, but it has not been evaluated in patients after kidney transplantation yet. Objective: To evaluate the consumption of ultra-processed foods and its correlation with clinical and anthropometric outcomes in kidney transplant patients. Design and methods: Cross-sectional study based on a previous research carried out at the Hospital de Clínicas de Porto Alegre. 96 kidney transplant recipients were included, which were divided into two groups: early post-transplant (n = 71) and late post-transplant (n = 25). All data from this study were previously collected through interviews and/or electronic medical records, grouped in a database. Sociodemographic data, anthropometric data and laboratory tests were evaluated. The anthropometric assessment consisted of waist circumference, height and tetrapolar electrical bioimpedance, which provided weight and body composition. Food consumption was investigated through a single food frequency questionnaire, carried out 2 months after transplant in the early post-transplant group and 14 months after transplant in the late post-transplant group. For comparison between groups, Student's t-test and Mann-Whitney test were used for quantitative variables, while Chi-Square test was used for categorical variables. Correlation between variables was assessed using Spearman's correlation. The confidence interval determined was 95%. Results: The mean age of the patients was 49.92 ± 92 years and the main underlying disease was Systemic Arterial Hypertension, present in 22.91% of the participants. When we separated the sample in early post-transplant and late post-transplant, all baseline data were similar between groups. Total daily energy was 2177.03 (1476.05-2834.86) kcal in the total sample. Daily consumption of ultra-processed foods was 649.46 (420.05-1061.72) kcal, which corresponded to 34.05 ± 12.11% of the total caloric intake in one day. When groups were compared, total energy value was higher in the early post-transplant group (p = 0.002), but the ultra-processed foods consumption was similar between both. The consumption of ultra-processed foods was associated with an increase in total carbohydrates, starch, sodium, trans, polyunsaturated and total lipids and was also associated with a decrease in dietary proteins. Percentage of body fat in early post-transplant and fat mass in late post-transplant patients were positively correlated with the consumption of ultra-processed foods, while the polyunsaturated lipids showed a positive correlation with these two variables only in the early post-transplant group. Glycemia had a positive correlation with sodium from ultra-processed foods and a negative correlation with saturated lipids from ultra-processed foods. Conclusion: The consumption of ultra-processed foods in kidney transplant patients is higher than national average. These foods are mainly composed of lipids and carbohydrates and are associated with a poorer quality of the diet after kidney transplantation. Finally, a higher consumption of sodium from ultra-processed foods is associated with worse body composition in early and late post-transplant periods. Future studies, with a larger sample size, are needed to assess the impact of the consumption of ultra-processed foods on the relevant clinical outcomes of this population. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Medicina. Curso de Nutrição.
Coleções
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TCC Nutrição (581)
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