Frequência de comportamento alimentar disfuncional e insatisfação com a imagem corporal em nutricionistas : uma análise comparativa com outras profissões

Abstract

Em função das características inerentes ao exercício profissional, nutricionistas tendem a sofrer fortes pressões sociais sobre sua alimentação e imagem corporal, podendo esse ser um fator desencadeador de comportamentos disfuncionais em relação à alimentação e insatisfação com a imagem corporal. Dessa forma, o objetivo deste estudo foi identificar a frequência de comportamento alimentar disfuncional e insatisfação com a imagem corporal em nutricionistas, comparando-os com profissionais de fora da área da saúde. Foi realizado um estudo transversal, com braço controle, com nutricionistas formados (NUT) e profissionais graduados que não fossem da área da saúde (NNUT). A coleta de dados foi online, por meio da plataforma Google Forms. O comportamento alimentar foi avaliado pelo instrumento The three factor eating questionnaire - R21 (TFEQ-R21), abordando os domínios rigidez cognitiva, alimentação emocional e descontrole alimentar e a insatisfação com a imagem corporal foi avaliada pelo Body Shape Questionnaire (BSQ). Além destes, um questionário estruturado desenvolvido pelos pesquisadores foi aplicado para analisar questões pessoais em relação à alimentação e ao corpo. A amostra foi composta por 285 NUT e 106 NNUT, onde sentir-se julgado pela sua alimentação e forma corporal foi mais predominante em NUT do que em NNUT (p<0,01). A frequência de comportamento alimentar disfuncional apareceu em menos de um terço da amostra de NUT, sendo menor do que NNUT nos três domínios do comportamento alimentar avaliados, porém significativa apenas no descontrole alimentar (p<0,01). Quase a totalidade da amostra não apresentou insatisfação com a imagem corporal, embora uma associação entre sentir-se julgado pela forma corporal e a insatisfação com o próprio corpo tenha sido encontrada, independente da profissão (p<0,01). Assim, concluímos que a frequência de comportamento alimentar disfuncional foi menor em NUT do que em NNUT, principalmente o descontrole alimentar. A insatisfação com a imagem corporal foi baixa e não teve diferença entre NUT e NNUT, entretanto sentir-se julgado pela forma corporal foi associado a algum grau de insatisfação com a imagem corporal, independente da profissão.

Due to the characteristics inherent to professional practice, nutritionists tend to suffer strong social pressures on their diet and body image, which may be a triggering factor for dysfunctional behaviors toward food and dissatisfaction with body image. Thus, the objective of this study was to identify the frequency of dysfunctional eating behavior and dissatisfaction with body image in nutritionists, comparing them with professionals from outside the health area. A cross-sectional study was carried out, with a control arm, with nutritionists (NUT) and graduate professionals who were not in the health area (NNUT). Data collection was online, through the Google Forms platform. Eating behavior was assessed using The Three Factor Eating Questionnaire - R21 (TFEQ-R21), addressing the domains of cognitive rigidity, emotional eating and uncontrolled eating, and dissatisfaction with body image was assessed using the Body Shape Questionnaire (BSQ). In addition to these, a structured questionnaire developed by the researchers was applied to analyze personal questions regarding food and the body. The sample consisted of 285 NUT and 106 NNUT, where feeling judged by their diet and body shape was more prevalent in NUT than in NNUT (p<0.01). The frequency of dysfunctional eating behavior appeared in less than a third of the NUT sample, being lower than NNUT in the three domains of eating behavior evaluated, but significant only in uncontrolled eating (p<0.01). Almost the entire sample did not show dissatisfaction with body image, although an association between feeling judged by body shape and dissatisfaction with one's own body was found, regardless of the profession (p<0.01). Thus, we conclude that the frequency of dysfunctional eating behavior was lower in NNUT than in NUT, mainly uncontrolled eating. Dissatisfaction with body image was low and there was no difference between NUT and NNUT, however feeling judged by body shape was associated with some degree of dissatisfaction with body image, regardless of profession.